Comprar em brechó está na moda, e cada vez tem mais pessoas compartilhando dicas de onde comprar roupas baratas, e como consultora de estilo, consumidora e entusiasta das peças de segunda mão, me senti na obrigação de vir aqui falar sobre a diferença entre bazar e brechó.
Pra começar, preciso dizer que a diferença entre bazar e brechó não é uma só. Esse texto poderia ser um post lá no instagram com uma frase só, dizendo que a diferença entre bazar e brechó é o preço, mas apesar de ser a maior diferença, ia ser muito superficial. Vem entender!
Bazar e brechó não são a mesma coisa
Já aconteceu de eu postar quanto uma cliente gastou na etapa de compras em um brechó e alguém comentar que achou caro, e que “não parece roupa de brechó”, e por isso eu citei o preço como sendo a principal diferença entre bazar e brechó: muita gente acha que, por ter peças usadas à venda nesses 2 lugares, bazar e brechó são a mesma coisa, mas não são não.
Bazar é mais barato que brechó
Sim, comprar roupas em bazar é mais barato que comprar em brechó, mas pra explicar porque isso acontece, primeiro preciso dizer que existem tipos diferentes de bazar.
O tipo de bazar mais conhecido é o bazar de igreja, associações ou de ONGs beneficentes, que tem itens usados, na maioria das vezes, provenientes de doações. A venda desses itens geralmente é feita com a finalidade de ajudar pessoas menos favorecidas, seja através do dinheiro arrecadado, ou possibilitando que essas pessoas comprem roupas (em geral pessoas de baixa renda ou desempregados) a um preço bem mais acessível.
Nesse tipo de bazar, não existe curadoria, ou seja, as pessoas podem doar o que quiserem, e isso não garante que as peças estejam em boas condições de uso ou tenham alguma qualidade. O local em geral não é muito organizado, e as peças não são separadas por tamanho, cor ou tipo (porque quem trabalha nesse tipo de bazar geralmente é voluntário, e não alguém que entenda de roupa) então, pra achar alguma coisa é preciso ir com tempo pra garimpar mesmo.
O bazar de marca (ou de um coletivo de marcas) costuma ser um evento pontual, que acontece durante alguns dias para vender roupas novas de coleções antigas. Alguns sites de marcas têm duas abas diferentes, sendo um de liquidação e um de bazar, e no bazar as peças são mais baratas e mais antigas do que as peças em liquidação. De novo aqui, o preço é menor no bazar, viu?
Já no brechó, as peças são mais caras porque tem os gastos com o espaço físico, funcionários e impostos como um comércio qualquer, além da curadoria (que é o trabalho de escolher as peças que serão vendidas), da higienização que algumas peças demandam antes de serem vendidas e até mesmo possíveis reformas, como trocar um botão, consertar um zíper, tirar uma mancha, etc., e esse valor é repassado para o cliente, para que o brechó tenha lucro, óbvio.
Esse trabalho e gasto com as peças não é feito no bazar, e peças com essas pequenas necessidades são vendidas no bazar a um preço baixo e vale a pena para quem sabe fazer essa manutenção, para quem tem um brechó e vai revender a peça depois da reforma, ou para quem vai usar a peça assim mesmo, por necessidade, ou por não se incomodar com pequenas manchas, bolinhas ou outras marcas de uso ou até defeitos.
Eu já falei lá no instagram que muitas peças doadas não estão em condições de uso e acabam sendo descartadas, e isso acontece porque as pessoas doam coisas que não sabem como descartar, por acharem que quem está em situação de vulnerabilidade vai usar “qualquer coisa”, e porque a avaliação das peças é menos rigorosa, não existe uma curadoria e pessoas que possam cuidar dessas peças para que elas fiquem em melhor estado.
Além disso, os brechós em geral expõem as peças como as lojas, separando as peças por setores e tamanhos, facilitando que você encontre o que está buscando, enquanto os bazares costumam ser mais bagunçados e ter peças amontoadas.
É possível comprar roupa boa em bazar?
Apesar de não existir uma curadoria e exigência com as peças, é possível comprar roupa boa em bazar sim, porque a maioria das pessoas doa coisas em boas condições de uso, e preferem doar do que vender as peças que não usa mais – seja por caridade ou pra não ter trabalho com logística.
Então, se você tem tempo para garimpar, não está procurando por nada específico, sabe como avaliar quando as peças podem ser consertadas ou não (têm manchas que não saem, por exemplo) ou tem tempo / disposição para reformar as peças, vale a pena sim.
Vale a pena comprar em bazar e brechó?
Quem acompanha o meu trabalho aqui e no instagram sabe que eu compro e levo minhas clientes da consultoria de estilo para comprarem em brechó (presencial ou online) porque eu acho que é uma ótima maneira de economizar dinheiro, ajudar a a natureza e fazer bem à comunidade, já que comprar roupa usada diminui os gastos com energia e produtos químicos, o consumo de água e a poluição.
Além disso, existem 3 tipos de brechó (como eu contei nesse texto aqui), e dependendo do seu referencial de caro e barato, dá pra comprar muito sem gastar muito, mesmo em brechó, como eu já mostrei a compra de uma cliente fez no Repassa, que é um brechó online:
Agora que você já sabe a diferença entre bazar e brechó, espero que faça compras mais assertivas, mas, se precisar da minha ajuda, me chama por aqui.