Você já ouviu falar sobre o movimento chamado “Fashion Revolution Day”? Hoje vou explicar a importância dele e falar sobre outro questionamento que você pode fazer quando vai às compras além de a peça fazer sentido no seu estilo pessoal, que é “quem fez minhas roupas?”.
Não podemos nos esquecer de que o nosso poder de compra é praticamente um voto de confiança e uma maneira de autenticar o trabalho das marcas, e por isso, precisamos nos conscientizar da nossa responsabilidade e do nosso papel, que é muito maior que comprar roupas. A revolução é coletiva e você também pode participar do Fashion Revolution Day e ajudar a fazer uma moda mais justa e transparente. Vou te explicar tudo que você precisa saber sobre esse assunto.
O que é o Fashion Revolution Day?
O Fashion Revolution Day é um movimento internacional que acontece simultaneamente em mais de 70 países no dia 24 de abril por causa do acidente que aconteceu em Bangladesh nesse dia em 2013, quando o edifício Rana Plaza desabou matando mais de 1.200 trabalhadores e ferindo outros 2.500.
Os proprietários das fábricas de roupas – que funcionavam de maneira irregular no prédio, produzindo peças para marcas de todo o mundo – ignoraram as rachaduras nas paredes percebidas no dia anterior da tragédia. Lá eram fabricadas roupas de marcas como Mango, Benetton, Primark, Walmart e várias outras que terceirizam a sua produção nesses locais em busca da mão de obra absurdamente barata.
Essa não foi a primeira tragédia da indústria da moda pelo mundo, e infelizmente não será a última se cada um de nós não fizer a nossa parte. São casos de incêndios, desabamentos, jornadas exaustivas de trabalho, salários baixíssimos, doenças e até suicídios. Além disso, existe também os males causados ao meio ambiente, como a poluição, a devastação de terras, e o uso irracional dos recursos naturais, dentre outros.
Pensando nisso, a britânica Carry Somers e a italiana Orsola de Castro criaram o movimento Fashion Revolution (Revolução da Moda) com o objetivo de sensibilizar a sociedade e os agentes da indústria textil quanto ao verdadeiro custo de seus processos, com o primeiro Fashion Revolution Day (Dia da Revolução da Moda) no dia 24 de abril de 2014, um ano depois do acidente em Bangladesh.
As hashtags #InsideOut (#DoAvesso) e #WhoMadeYourClothes (#QuemFezSuasRoupas) foram as mais usadas no twitter naquele dia.
Como o Fashion Revolution Day acontece?
No mundo todo, o Fashion Revolution Day acontece por meio de eventos e discussões presenciais e online, com desfiles, mesas redondas, workshops, palestras, bazares, bate papos, e textos como esse, que eu escrevo como consultora de estilo entusiasta e incentivadora do consumo consciente.
A revolução é coletiva e cada um faz o que pode ou sabe para colocar as temáticas da produção e do consumo de moda em evidência, falando sobre o que precisa ser mudado, e mostrando as ideias, projetos e os profissionais que falam sobre o que mais pode ser feito, com criatividade e entusiasmo, para reafirmar a moda como ela é: inspiradora e um recurso poderoso para provocar e trazer mudanças reais.
Eu e todo mundo que participa dessa revolução da moda esperamos que ela caminhe, a cada dia e com o apoio de todos, para se tornar uma força para o bem, com a sustentabilidade e a ética enraizadas em todas as suas etapas.
Você compraria peças de uma marca que mostrasse que quem fez suas roupas foi um grupo de crianças que trabalham por cargas horárias enormes, em más condições, para ganhar muito pouco por isso?
Como participar do Fashion Revolution Day
Você também pode fazer parte da campanha “Fashion Revolution Day”: Você sabe quem faz suas roupas?, que é o tema da Fashion Revolution Day 2017.
A ideia é a gente se questionar e questionar as marcas: Do que essas roupas são feitas? De onde veio o material? Que impacto ela gerou no meio ambiente? Houve trabalho escravo nesse processo? Vocês usam mão de obra local? Essa peça vem da China ou de uma casa de fundo de quintal no subúrbio do Rio de Janeiro? As pessoas que a fizeram recebem salários dignos e têm boas condições de trabalho?
Seja curiosa, pergunte às marcas, descubra, deixe de comprar de marcas que usam trabalho escravo ou que não se comprometam com o meio ambiente, faça algo a respeito. Divulgue, pesquise, compre apenas o que for realmente usar, apoie o trabalho de quem realmente merece, ao invés de comprar de marcas que não fazem parte dessa mudança, que é tão necessária!
No instagram, pessoas que trabalham com moda e marcas falam sobre o assunto usando hashtags como #quemfezminhasroupas #FashRev #Whomademyclothes vestindo a roupa do avesso e com etiqueta aparecendo, e marcando a marca, pedindo que incluam essas informações na etiqueta.
Eu postei a minha participação ontem lá no Instagram (me segue lá)!
Espero que esse texto tenha explicado o que é o movimento e que você participe dele com a gente. Se for participar, me marca na foto pra eu ver!