Vestindo Autoestima

Museu da Moda de Canela: Eu fui e adorei!

Todo profissional precisa estar sempre se atualizando na sua área de trabalho, e na semana passada eu aproveitei a minha viagem (a passeio) para o Rio Grande do Sul para visitar o Museu da Moda de Canela, e adorei!

Mostrei algumas fotos dessa visita nesse post aqui lá no meu instagram, mas resolvi fazer esse artigo pra falar um pouco mais dessa experiência incrível, que me proporcionou muitos conhecimentos sobre a história da moda, além, óbvio, de ter sido um ótimo entretenimento (me senti na Disney hahaha).

E, mesmo que você não seja chegado em moda, vale a pena visitar, porque vai ser uma experiência no mínimo curiosa ver as roupas que marcaram a evolução da moda e da própria evolução humana através de suas vestimentas. E também vale experimentar as bebidas com nomes de estilistas famosos lá na cafeteria do museu!

Vem ver o que eu vi e aprendi por lá:

O Museu da Moda de Canela

Eu sempre falo que consultoria de estilo é mais que roupa, e o Museu da Moda de Canela também é muito mais que moda.

Também conhecido como MUM, o Museu da Moda de Canela tem 3.500m² de área construída, que conta nada menos do que 4 mil anos da história do vestuário feminino desde a antiguidade (com réplicas perfeitas de peças das civilizações do Egito, Pérsia, Síria, Grécia, Roma, e Bizâncio), passando pela Idade Média, Iluminismo, Renascença, Era Napoleônica, e falando sobre o estilo das Rainhas da França, Belle Epoque, Avant Garde (Vanguarda), século XX e século XXI.

Milka Wolff

O Museu da Moda de Canela foi idealizado pela estilista gaúcha Milka Wolff, de quem virei fã não só por esse acervo (que é uma utilidade pública não só para os amantes da moda), mas também pela sua história de vida e sua carreira, que também é contada no museu.

Milka Wolff - Museu da Moda de Canela

Foi muito gostoso acompanhar as vitórias e os sonhos realizados da Milka Wolff, desde a boneca que ela mesma fez com um melão (!!!) e a aquisição de sua primeira boneca (que tinha o nome de uma tia minha, Ângela), a sua criatividade (aos 14 anos já confeccionava suas próprias roupas), até a sua visão empreendedora quando abriu uma loja de roupas para bebês e crianças e uma empresa voltada para roupas de luxo, até a conquista do Museu da Moda de Canela (MUM).

Como o Museu da Moda de Canela conta a história da humanidade através das roupas femininas

A roupa que a gente usa hoje é uma forma de comunicar estilo e personalidade, mas também fala sobre o nosso status sociais (roupa cara / roupa barata, marcas, etc.), o nosso estilo e os grupos que pertencemos (grunge, gótica,  hippie, moderna, clássica, etc.), e no Museu da Moda de Canela a gente pode ver que na Antiguidade já era assim: O volume e a cor das roupas identificavam os grupos sociais.

No Egito, a roupa também era uma distinção das classes, e antes de 1500 A.C. as classes inferiores e escravos andavam quase nus, e os mais abastados usavam um traje conhecido como chanti, que era um tecido enrolado várias vezes em volta do corpo e preso por um cinto.

Os povos assírios e babilônicos (1300 A.C. a 200 A.C.) também tinham trajes específicos para as classes sociais mais baixas, e diferenças de cores, cortes e comprimentos diferentes de roupa para indicar a posição social dos mais ricos (além da riqueza do tecido).

Foram os gregos que começaram a desenvolver formas diferentes de amarrar cintos e franzir os tecidos (a indumentária grega tinha 3 peças de linho) para cada tribo, também para fazer essa diferenciação de grupos e classes sociais.

Por volta de 100 D.C. os romanos usavam túnicas, e a roupa das mulheres era igual à dos homens, com uma diferença: as mulheres usavam um corpete sobre os seios (chamado trophium).

Nessa época, os ricos usavam túnicas de seda com a toga, que variava de tamanho e de cor, e os pobres usavam só as túnicas. As mulheres também usavam a toga, que depois da República Romana passou a ser usada apenas pelas mulheres condenadas por adultério (!!!), ou seja, também como uma forma de sinalizar a diferença entre as pessoas.

Entre o final do século XII e meados do século XIV acontecia o que é conhecido como Renascença, porque era a época de redescoberta e revalorização da cultura na Europa (que foi muito abalada durante a idade Média).

Nesse período os tecidos eram caros e elegantes (brocados, veludos, sedas e rendas) e as mulheres usavam o corpete por cima dos vestidos, para enfatizar os seios. Os acessórios da época eram os leques e os lenços.

No século XVII um movimento chamado Iluminismo (surgido na França) tinha o propósito de “iluminar as trevas que se encontrava a sociedade), e os vestidos eram mais claros e em algodão, com mangas curtas e bufantes (que estão na moda de novo!!) durante o verão, e longas e estreitas no inverno.

Na Paris do século XIX aconteceu a chamada “Era Napoleônica”, e a classe superior esbanjava bons acessórios, como luvas, bolsas, véus de renda, e flores artificiais nos cabelos.

(Olha a minha carinha no reflexo do espelho, super concentrada tirando a foto rsrs)

As rainhas da França têm uma vitrine especial, já que os vestidos usados pela realeza sempre foram motivo de inspiração, especialmente a Maria Antonieta (mulher de Luiz XVI, que reinou de 05/1774 a 09/1792), que era uma lançadora de moda e tinha uma coleção de 500 pares de sapato, com direito a funcionário pra catalogar (por data, cor e estilo) e cuidar deles para a rainha.

Essa foi uma das vitrines que mais me impressionou no Museu da Moda de Canela:

Na placa perto de um dos seus sapatos, diz que os saltos altos mostravam que a dona “estava livre de trabalho físico e das exigências da classe menos favorecida”. Hoje em dia, a gente faz tudo de salto alto, né? Inclusive trabalhar pesado o dia todo!

Na época de Maria Antonieta, reinava o estilo conhecido como Rococó, onde as mulheres usavam vestidos exuberantes, com armações para os manter volumosos, e eram ricos em rendas e babados e enfeitados com fitas ou estampas florais.

Quem quiser saber mais, vale a pena ver o filme “Maria Antonieta”, de 2016, onde a rainha é interpretada pela atriz Kirsten Dunst. O filme inclusive ganhou o Oscar de Melhor figurino!

O MUM também tem um espaço inteiro dedicado ao red carpet, com vestidos da alta costura, que começou em meados de 1800.

A Belle Époque (expressão francesa que significa bela época) foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa, que começou no fim do século XIX, e também está representada no Museu da Moda de Canela, mostrando vestidos com muito volume, babados, franjas, plissados…

A moda no século XX

Já no início do século XX (chamado Avant Garde) já vemos mudanças na silhueta feminina, que fica mais simples, reta, e sem tantos detalhes quanto caudas, golas altas, corsets e barbatanas. Os vestidos também ficam mais curtos e a cintura vai lá pra linha do quadril, que é mais estreito, assim como os seios.

Também foi nessa época que aconteceu a maior transformação nos sapatos femininos, com o abandono das botas.

Nos anos 30 acontecem várias coisas importantes:

Nos anos 40 as roupas foram fortemente influenciadas pela Segunda Guerra Mundial, que começou no fim da década anterior. O corte era mais reto e masculino (as mulheres começaram a usar blazer e saia lápis), e os casacos tinham ombreiras e cinturões.

Tinha escassez de tecido, e as mulheres tinham que reformar as suas roupas e usar materiais alternativos. O tweed e outros tecidos mais pesados e resistentes também apareceram nessa época, justamente para que as roupas durassem mais.

A moda dos anos 50 foi sinônimo de glamour e feminilidade (que às vezes sugeria alguma fragilidade, que até contrastava com a quantidade de direitos adquiridos na época), e apareceram alguns ícones que duram até hoje, como cintura marcada, sapatilhas, saias rodadas, suéteres e calças cigarretes, além do jeans, que aparecia nos filmes sobre rebeldia ao som de rock.

Já nos anos 60, aparece a mini saia e a saia midi, que já começa a ser usada com bota nessa época, e os hippies também mostram uma nova forma de usar saias longas e acessórios.

Os anos 70 e o estilo de vida mais simples fizeram aparecer modelagens mais amplas, como a pantalona e a calça boca de sino (muito parecida com a flare), e também surgiu a estampa tie dye, que voltou a ser moda nesse verão.

Nos anos 80 a silhueta feminina é ainda mais marcada com o elastano nas peças, além das peças esportivas como a legging, a bermuda ciclista (que atualmente está na moda com o nome “biker”) e os collants (os bodys atuais). Nessa época tinha muita extravagância, muito brilho em lurex, muita ombreira, e o jeans virou peça de luxo.

Todo esse excesso era oposto ao que os anos 90 trouxe junto com o minimalismo e a volta doo básico e o uso dos “pretinhos básicos” na noite.

Museu da moda de Canela e a Lady Di

Ícone da moda nos anos 80 e 90, a princesa Lady Di tem uma vitrine em sua homenagem, com réplicas de dez de seus famosos vestidos, que foram arrematados em leilão beneficente com a presença de Lady Di em 25 de junho de 1997, com renda acima de 2 milhões de dólares revertida à causas sociais.

A estilista Milka Wolff esteve no evento e ganhou um livro autografado, que também está exposto lá no Museu da Moda de Canela.

A Lady Di aparece de novo no espaço dedicado às réplicas de vestidos de noivas (em miniatura) de 12 celebridades, criadas por estilistas brasileiros, doadas para o MUM em 2014, e sendo restaurados pela estilista Milka Wolff.

Nesse mesmo espaço aparecem alguns vestidos de noiva criados pela própria Milka Wolff e outros estilistas, assim como alguns vestidos de debutante, que começaram a ser usados no século XVI, e também era uma forma de mostrar poder financeiro e status social, onde as famílias apresentavam suas filhas à sociedade, com intenção de conseguir um bom pretendente.

Divas do Cinema no MUM

O espaço de exposição de figurinos históricos usados em filmes tem 13 modelos é uma das partes mais interessantes do Museu da Moda de Canela, tanto para quem gosta de moda quanto para quem gosta de filmes e figurino.

Existe um mecanismo que é ativado por aproximação e faz o vestido da Marilyn Monroe voar como no filme “O pecado mora ao lado”, de 1955.

Puppen Festival no Museu da Moda de Canela

Outro setor bem interessante do MUM é a vitrine com bonecas vestidas por grandes nomes da moda, inspiradas num projeto humanitário que acontece anualmente em Paris, chamado Frimousses de Créateurs.

Como as bonecas são muito disputadas, eu não sei dizer se são verdadeiras ou réplicas, e não encontrei nenhuma informação sobre isso no guia do museu ou na internet.

No mesmo espaço existe uma vitrine com outras 27 bonecas, representando os estados brasileiros em seus trajes típicos. Todas as bonecas são lindas e muito bem feitas, mas infelizmente nem as fotos e nem o vídeo ficaram bons para postar aqui.

Para maiores informações, vale visitar o site do Museu de Moda de Canela!

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