Quem me acompanha no instagram já sabe o que é a september issue, porque eu falo muito sobre moda lá, e postei alguns conteúdos sobre isso lá na semana passada, mas se você não me segue ainda, vai descobrir agora (e me segue lá, vai?).
O que é a september issue?
Esse texto poderia acabar em uma frase, explicando, resumidamente, que a september issue é a edição de setembro das revistas de moda, mas é MUITO MAIS que isso, e por isso o tema merece um texto inteiro pra falar disso.
A september issue é a edição mais importante do ano. Quando a gente fala de moda, setembro é como se fosse o início de um novo ano, e a edição de setembro é uma celebração ao ano que se inicia, como se fosse um ritual de ano novo, sabe?
Inclusive, em termos de lucro e divulgação de moda, a edição de setembro só fica atrás das Fashion Weeks – que são os maiores eventos de moda do mundo! Como as revistas adiantam as informações da área, as marcas, anunciantes e o público consumidor do meio também “comemoram” este réveillon da moda e se beneficiam com esse evento. Conseguiu entender a importância dela?
O planejamento da September issue
Como todo evento importante, o processo de planejamento e edição da edição de setembro é muito complexo e virou até um documentário, disponível na Netflix, com esse mesmo nome. Aliás, eu já vi algumas vezes e recomendo muito pra quem gosta de moda e marketing, e até mesmo liderança, já que tem umas cenas muito interessantes pra inspirar e ensinar (num estilo bem “O Diabo veste Prada”). Vou falar mais sobre a série a seguir.
Entre os meses de Julho e Agosto, já começamos a ver notícias e especulações sobre quem estampará as capas das revistas de moda no mês de setembro, assim como quem estará nos editoriais de moda. A september issue também é a maior edição do ano (a Vogue, por exemplo, pode chegar a ter mil páginas), recheada de editoriais, que dão oficialmente adeus ao verão no hemisfério norte e é quando as marcas começam a se preparar para o inverno.
Na foto, aparece a editora Anna Wintour no filme “The september issue”, que é de 2009, que mostra todo o processo de produção da revista até o momento de sua veiculação, com muitos detalhes interessantes sobre os cinco meses de bastidores da Vogue norte-americana de setembro de 2007.
A september issue da Vogue de 2007 (que aparece no documentário) teve 840 páginas (das quais mais de 700 foram de anúncios!!). A produção traz depoimentos da equipe do veículo, incluindo a editora-chefe, Anna Wintour, além de estilistas e outros profissionais, e na capa a atriz e modelo Sienna Miller fotografada por Mario Testino em Roma, na Itália.
Há algum tempo o recheio das revistas vem diminuindo, já que o público está se voltando, cada vez mais, para o mundo digital, mas ainda assim, as edições de setembro continuam sendo muito maiores que as restantes, e bem mais caras também – sendo considerado inclusive artigo de colecionador.
A Anna Wintour da September issue
O documentário também ajuda a humanizar mais a Anna Wintour, que é a musa inspiradora da personagem Miranda Priestly, de O Diabo Veste Prada. Mas, Anna não é tão “diabólica” assim, e o que ela mesmo fala no filme é que ela trata seu trabalho com seriedade e muita responsabilidade, porque sabe a importância de sua “opinião” sobre o que acontece no mundo da moda.
Em uma das cenas que eu mais gostei, Anna e sua filha Bee Shafer estão vendo capas antigas de Vogues publicadas em setembro, e ela aponta pra uma delas dizendo que tinha sido uma das mais polêmicas, porque ela foi ousada e escolheu uma modelo negra para estrelar a publicação – o que era inimaginável para aquela época. Vale dizer que ela foi a responsável pela evolução da Vogue ao colocar celebridades na capa e por outras evoluções e conquistas nas revistas de moda.
A influência da pandemia na september issue
Eu já falei aqui que a moda influencia e é influenciada pelas coisas que acontecem no mundo, e uma pandemia mundial como a que estamos enfrentando desde o ano passado não é diferente.
Em 2020, pela primeira vez nos 129 anos da marca Vogue, as 26 edições da revista ao redor do mundo se reuniram para trabalhar um tema em comum. O projeto inédito foi intitulado Hope, e a ideia era trazer uma perspectiva otimista sobre vários assuntos atuais.
September issue além da Vogue
Para a publicação, ela, que é um ícone das novas gerações, conversou sobre ativismo com Patrisse Cullors, cofundadora da organização Black Lives Matter. “Eu sempre tive um stylist negro e cabeleireiros e maquiadores negros. Mas também pudemos trabalhar com dois jovens fotógrafos negros talentosos nesta sessão”, celebrou Zendaya.
Aliás, eu falei sobre o Jason Bolden, o stylist dela lá no instagram, que eu também conheci numa série da Netflix, chamada “Stylling Hollywood” e fala muito sobre a representatividade e força das mulheres negras na moda.
Jason Bolden também é stylist da cineasta Ava DuVernay, que ilustra o meu post do instagram. Ela entrevistou a filósofa Angela Davis, que foi capa da September issue do ano passado na Vanity Fair.
A conversa também abordou temas como a problemática da violência policial nos Estados Unidos e críticas ao sistema carcerário. Para Angela Davis, o momento atual contempla uma conjuntura entre a crise da Covid-19 e a crescente consciência da natureza estrutural do racismo. Na visão da norte-americana, a luta deve ser feita de forma contínua e apaixonada, mesmo que pareça momentaneamente que ninguém está ouvindo. Segundo ela, é preciso “criar as condições de possibilidade de mudança”. Com styling de Nicole Martine Chapoteau, a feminista marxista usou look by Pyer Moss. e a foto que estampa a capa foi tirada por Deana Lawson.
No Brasil, a Marie Claire também abriu espaço para a discussão contra o racismo e colocou a atriz Patricia Dejesus na capa, convidando para falar sobre a discriminação racial no meio fashion. A atriz também fez uma reflexão sobre o papel das mulheres brancas na luta, entre outros assuntos pessoais.
“Acho que fui muito usada no mundo da moda. Se precisavam de uma negra, colocavam a Pathy lá. Na época, eu não percebia, mas tinha algumas sensações. Sabia que tinha que batalhar muito mais do que as minhas colegas não negras”, analisou. “E o pior: não tinha um convívio bacana com as outras poucas modelos negras porque a gente tinha uma competição muito grande, as possibilidades de trabalho eram muito menores e sempre tinha lugar para uma só.”
A atriz agradeceu a experiência pelas redes sociais. “Num ano como 2020 em que toda e qualquer conquista deve ser comemorada… E essa é uma senhora conquista! Toda oportunidade de falar sobre mim é também uma chance de revisitar processos na trajetória, nem sempre felizes ou de sucesso, mas que, definitivamente, me fizeram chegar até aqui”, escreveu. No ensaio, fotografado por Caroline Lima, a modelo e atriz usou peças de marcas como Gucci, Valentino e Sauer.
A Harper’s Bazaar apostou em uma dose múltipla de Rihanna para o mês. A cantora estampou todas as 26 edições internacionais da revista. Gray Sorrenti fotografou a artista em cenas que remetem à rotina caseira durante o período de distanciamento social. A direção criativa é de Jen Brill.
Riri rainha, representando todas nós, que estamos aproveitando qualquer atividade fora de casa para usar os nossos melhores looks! rs