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A relação entre autoridade e elegância

Falar de autoridade está na moda, e a moda é usada para passar a mensagem de autoridade, mas durante algum tempo eu relutei para falar sobre isso porque não concordo com a maioria das coisas que falam sobre o assunto, e uma delas é a relação entre autoridade e elegância.

Eu já falei nesse texto aqui sobre as pessoas não terem que ser elegante justamente porque a elegância continua sendo vendida como a única forma de se vestir, principalmente para ter sucesso profissional, e não era pra ser assim.

Mas porque, afinal, usam autoridade e elegância como se tivessem que andar juntas, e vendem a elegância como sendo a fórmula para ser vista como autoridade na sua área de trabalho? Vamos por partes:

A elegância é classista

A primeira coisa que eu acho importante dizer aqui é que a elegância é classista, ou seja, fala sobre o que é visto como certo ou bonito do ponto de vista da classe dominante, e por isso é fácil ver autoridade e elegância andando juntas, como se fosse uma coisa só.

Eu não uso os 7 estilos universais na minha consultoria de estilo, mas se fizer uma pesquisa rápida no Google ou no Pinterest sobre o estilo elegante, a maioria das imagens vai ser de pessoas brancas e magras, usando peças clássicas em cores neutras e alfaiataria.

Esse modelo de elegância é eurocêntrico e não representa em nada a cultura e as necessidades térmicas do Brasil, que tem um clima completamente diferente da Europa, sem necessidade alguma do uso de terceira peça na grande parte do ano.

Para mostrar que é possível ser elegante usando cor, acessório e peças mais informais, eu fiz esse texto aqui, com imagens de looks da Michelle Obama, que também é um símbolo de autoridade e elegância bem fora dessa caixinha!

Mas, como existe a ideia de que o Brasil é um país inferior, essa imagem é visto como um sinônimo de sucesso. A autoridade é característica de quem é poderoso, e como país colonizado que somos, não existe poder e nem autoridade na forma de a gente se vestir, e por isso a necessidade de copiar os looks europeus.

Se a autoridade é característica de quem tem o poder, e a elegância também é, logo, as pessoas começam a juntar os conceitos de autoridade e elegância, como se fossem uma coisa só – ou pior, como se a autoridade não pudesse existir sem a elegância, nesse único jeito de ser elegante que é vendido como sendo o certo!

A elegância é machista

Também é comum ver imagens de mulheres usando blazer, calça comprida e salto alto representando esses looks elegantes, porque a autoridade sendo vista como característica de pessoas poderosas, e o homem sendo símbolo de poder numa sociedade machista, os looks que mostram elegância são com peças “masculinas” (vindas do guarda-roupas masculino – incluindo o salto alto, como contei nesse post aqui no meu instagram), e então a autoridade e elegância são vinculadas mais uma vez.

É muito comum ver posts sobre como transmitir autoridade com looks masculinos, porque ainda é o código de poder e autoridade que a gente reconhece mais fácil. Isso acontece porque roupa é resultado da soma de vários elementos arquetípicos, e tudo que é mais masculino é mais duro / estruturado e feminino é mais arredondado / fluido, e a rigidez é vista como algo forte e a fluidez algo mais delicado.

A moda é um reflexo da sociedade, e também pode ajudar a mudar algumas visões do mundo através desses símbolos. O meu trabalho como consultora de estilo é trazer reflexões, e eu sigo fazendo aqui e lá no instagram um trabalho de formiguinha para mostrar outras formas de transmitir essas mensagens se vestindo de quem a gente é!

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Priscila Citera

Apaixonada por pessoas e por moda, resolvi unir a Psicologia e 12 anos de experiência em recursos humanos com a formação em Consultoria de Estilo pela Oficina de Estilo, e desde 2014 ajudo mulheres e homens desse mundão todo a transformarem personalidade em looks e roupas em representação da personalidade, sem que eles precisem gastar muito!