Pois é, eu sei o que você tá pensando, porque foi exatamente o que eu pensei quando vi essa notícia no twitter hoje de manhã e das pessoas que viram a notícia quando eu postei lá no instagram! Estudos indicam que alugar roupas polui mais que jogá-las fora!
Vamos entender o que é essa notícia e o que a gente pode fazer a respeito.
Alugar roupas polui mais que jogá-las fora
Quem acompanha o meu trabalho aqui e lá no instagram sabe que eu sempre defendo e incentivo o consumo consciente, e uma das soluções que a moda criou para diminuir o consumo é o formato de guarda-roupas compartilhado, que é o aluguel de roupas para o dia-a-dia. Eu falo aqui sobre as vantagens de alugar roupas.
Guarda-roupas compartilhado
Em 2015, quando eu era colunista de moda e estilo do Superela, eu falei sobre a inauguração da Roupateca, que foi o primeiro guarda-roupas compartilhado do Brasil (que fica em São Paulo e eu já conheci pessoalmente) e já estava super animada com o que essa novidade podia representar quanto à beneficiar a natureza, a moda e a economia.
A ideia de guarda–roupa compartilhado é super interessante e ampliou a ideia de ter uma roupa pra uma situação específica – que a gente já conhecia há muito tempo para situações como casamentos e festas, que as pessoas podiam alugar a roupa para usar somente naquele dia específico e economizar, deixando de comprar uma peça de roupa que nunca mais ia usar na vida.
Em 2019 uma das mais antenadas varejistas de moda dos Estados Unidos, a Urban Outfitters, anunciou sua entrada no mercado de aluguel e lançou um programa que permitia alugar a 88 dólares por mês, seis itens de suas marcas próprias e de redes parceiras como Gal Meets Glam e Reebok.
Alugar roupas também é uma boa opção para quem vai viajar e não quer comprar roupas para um tipo específico de clima (como temperaturas muito mais baixas ou muito mais altas que está acostumada no lugar que mora), e eu já indico essa opção há algum tempo para clientes que me contratam para fazer malas inteligentes / planejadas.
No ano passado eu fui à Gramado pela primeira vez, e apesar de ser final do verão / começo do outono, eu tive muito medo de sentir frio (já que eu sinto frio morando no Rio de Janeiro hahaha), então eu conheci o Iclooset Gramado, que aluga casacos para turistas que vão visitar a cidade. Era uma opção pra mim, mas felizmente eu não precisei, porque foram dias quentinhos – e eu até postei aqui sobre a minha visita ao Museu da Moda, em Canela.
O guarda-roupas compartilhado é ideal para quem quer experimentar tendências e ter mais variedade de peças no dia-a-dia sem precisar gastar com cada peça e ter espaço para guardar todas elas em casa, e une sustentabilidade com economia – que era quaaaaaase sinônimo de perfeição pra quem gosta de moda!
Mas, ontem eu li essa matéria da Exame que diz que alugar roupas polui mais que jogá-las fora e eu vi que o futuro tinha chegado mais rápido do que eu imaginava. Vou explicar melhor a seguir.
Por que alugar roupas polui mais que jogá-las fora?
No final do mês passado eu assisti um talk (palestra virtual) com o André Carvalhal falando sobre consumo consciente, e uma das coisas que ele falou foi que não existe consumo consciente individual, porque apesar de essas atitudes serem realmente interessantes e causarem um resultado positivo (na economia, na moda e na natureza), nenhuma ação hoje é completamente sustentável.
Nesse dia, o André usou o exemplo da roupa feita de garrafa pet, que apesar de parecer sustentável e uma iniciativa legal, não resolve o problema – muito pelo contrário, já que a garrafa pet pode ser reciclada e virar outra garrafa mas a roupa de garrafa pet não vira nada, ou seja, o ciclo dela termina ali, não consegue ser reciclada, e ainda que fosse, os números assustam. Dá uma olhada nesse post do André falando sobre Julho sem plástico pra entender melhor (e se juntar ao movimento):
No ano passado eu vi a vitrine da Melissa apresentando a primeira sandália 100% reciclada e fiquei toda felizinha, mas, quanto mais a gente estuda, mais a gente percebe que o problema está longe de ser resolvido – justamente porque a gente não está resolvendo adequadamente, lá de cima.
Isso acontece porque nem todo resíduo reciclável (como a garrafa pet ou o poliéster das roupas, por exemplo), que possui potencial de reciclagem, vai ser reciclado!
Reciclar é difícil, trabalhoso e precisa ser economicamente viável, ou seja, precisa do trabalho manual de pessoas que agrupam os materiais iguais nas associações ou cooperativas para a comercialização, tecnologia e indústrias recicladoras próximas que incorporem esse material. Entende porque eu sempre falo que moda é política?
Pra quem não entendeu a referência da imagem do ex-ministro do Meio Ambiente com o Bolsonaro, sugiro ler esse artigo que eu falei sobre a relação da moda com o agronegócio.
Conclusão:
Foi exatamente isso que o estudo publicado pela revista científica finlandesa Environmental Research Letters (que eu vi na revista Exame) mostrou: Apesar dos resultados positivos que a gente já conhece, o impacto ambiental causado pela logística que envolve o aluguel de peças (transporte para diversos clientes, custos de embalagem e a lavagem a seco entre as entregas) foi foi visto como a pior opção, ficando atrás do descarte das peças, a revenda (como os brechós) e a reciclagem.
O estudo foi feito usando um par de jeans para analisar os resultados (e chegar à conclusão que alugar roupas polui mais do que jogá-las fora) é importante porque lembra a gente que apesar de ser sim uma boa opção para não precisar comprar tantas roupas, é ainda mais sustentável:
- comprar só o suficiente
- dar preferência para peças usadas, fazendo compra nos brechós
- cuidar das peças para fazer elas durarem
- fazer o descarte correto (ou a reciclagem).
E você? Costuma alugar roupas pro dia-a-dia ou apenas em situações específicas como festas?
A nossa parte é pequena, mas se cada um fizer a sua parte – e as empresas fizerem a dela e o governo fizer a dele, a gente consegue mudar o mundo! Vamos juntas!