Uma das coisas que a cliente da consultoria de estilo aprende durante o processo é a entender a etiqueta das roupas. Saber a composição do tecido e quais as instruções para a manutenção da peça é super importante para fazer a peça durar, e consequentemente, fazer valer o dinheiro investido nela.
Muita gente só se preocupa com a etiqueta do tamanho e a do preço da peça, e só olha a etiqueta interna na primeira lavagem (algumas pessoas não fazem nem isso!), e aí percebe que vai precisar investir mais tempo na lavagem dela, ou que vai precisar levar para a lavanderia e gastar mais do que planejava.
Outras pessoas não entendem porque a peça manchou, “cresceu” ou encheu de bolinha e colocam a culpa na marca ou no tecido, quando isso poderia ter sido evitado no provador! Vou te explicar porque é importante entender a etiqueta das roupas no texto de hoje!
Mas porque é importante entender a etiqueta das roupas?
Cada tipo de tecido demanda um cuidado diferente, da lavagem até a forma como a peça é guardada no guarda-roupas (pendurada em cabide ou dobrada na gaveta / prateleira), passando pelos produtos que podemos ou não usar na hora da lavagem (como alvejantes), como passar e até a melhor forma de colocar a roupa pra secar (com pregador, no cabide, dobrada ou esticada, etc), e entender a etiqueta das roupas vai ajudar a cuidar melhor delas e fazer elas durarem mais!
Não é à toa que o ferro de passar tem temperaturas diferentes, e que a máquina de lavar tem programas que vão do delicado ao pesado, e também é por isso que a legislação brasileira exige que as informações abaixo estejam na etiqueta das roupas:
Na descrição dos cuidados com as roupas, as etiquetas devem ter explicações sobre os 5 processos básicos: Lavagem, Alvejamento, Secagem, Passadoria e Cuidado têxtil profissional. Entender a etiqueta das roupas inclui entender cada um desses símbolos na etiqueta e porque eles são importantes:
Lavagem
O número indicado significa a temperatura máxima que a peça pode ser submetida durante a lavagem. No exemplo da etiqueta acima, a água não pode ultrapassar os 40°.
Se tivesse um tracinho abaixo do símbolo, significaria a necessidade de uma agitação reduzida, e se tivesse dois traços, uma agitação muito reduzida (geralmente para tecidos mais delicados). Como no exemplo acima não tem traço nenhum, pode ser empregada a agitação normal da máquina de lavar.
O X em qualquer símbolo da etiqueta significa que o procedimento não é permitido, ou seja, a lavagem deveria ser feita a seco, com solventes no lugar da água. Peças de seda pura, couro e lã geralmente exigem esse tipo de cuidado.
Quando o símbolo de lavagem estiver acompanhado de uma mão, a peça não pode ser lavada na máquina, e sim à mão.
Alvejamento
O alvejamento é um processo representado por um triângulo, e se tiver um X, independente de ser à base de cloro ou de água oxigenada, você não pode usar. Se tiver as letras “Cl” no triângulo, só o uso de alvejantes à base de cloro é permitido. Na etiqueta acima, qualquer tipo de alvejante é permitido.
Secagem
O processo de secagem é representado por um quadrado, e vem seguido de vários símbolos, como pontinhos para simbolizar a temperatura, círculo para indicar que a secagem pode ser feita na secadora de roupas, e traços que indicam se a secagem deve ser feita na horizontal (esticada no varal, por exemplo) ou na vertical (pendurada no varal ou no cabide) ou se precisa secar na sombra.
Para peças que não podemos passar, é recomendado pendurar no cabide para secar sem as marcas do pregador de roupas e nem com a marca de dobra.
Passadoria
Passadoria é a forma de passar a roupa, e nessa parte da etiqueta das roupas mostra que se o símbolo do ferro de passar roupas tiver um X, a peça não deve ser passada. Se puder passar, você deve observar a quantidade de bolinhas no símbolo, que vão indicar se a temperatura dele deve ser baixa ou mais alta.
Cuidado têxtil profissional
O que antes era chamado de “cuidado têxtil profissional”, simbolizado por um círculo, pode ser feito em casa também, com produtos para lavagem a seco ou a úmido e outros cuidados especiais, que antes eram feitos apenas em lavanderias.
Peças de seda pura, por exemplo, costumam exigir cuidados especiais, e como é um tecido de fibras naturais (vou falar mais sobre tecidos aqui no site em posts futuros), as peças costumam ser mais caras.
Se você não tem tempo para cuidar, e nem dinheiro para pagar esse serviço na lavanderia, repense se vale a pena comprar uma roupa de seda, porque provavelmente ela não vai durar tanto quanto poderia durar se tivesse a manutenção correta. Eu falo mais sobre custo benefício das peças nesse texto aqui.
Aqui tem o guia completo dos cinco processos:
Eu sei que com a vida corrida que a gente leva, é difícil arrumar tempo pra tudo que a gente precisa e quer fazer, e às vezes é mais fácil fazer o que é mais rápido: Jogar tudo na máquina de lavar! Mas se a gente costuma dizer que tempo é dinheiro, aqui a gente precisa decidir se a gente prefere desperdiçar um pouco de tempo cuidando das roupas, ou desperdiçar dinheiro, por não cuidar do que temos do jeito que deveria.
Outras informações para olhar na etiqueta
Além dessas informações sobre o cuidado com as roupas, a etiqueta precisa dizer onde a peça foi fabricada, e a composição do tecido, que também são importantes:
Onde a peça foi produzida
Vale a pena priorizar roupas feitas no Brasil, pra incentivar a produção local e evitar comprar de lugares com histórico de trabalho escravo, como a China e Bangladesh, por exemplo, onde aconteceu o maior acidente têxtil do mundo (Edifício Rana Plaza, citado no documentário “The True Cost“, e eu já falei sobre essa história aqui.
Tamanho da peça
O Brasil não tem uma lei que padronize o tamanho das roupas, e por isso cada marca tem a sua numeração específica, o que pode gerar frustração.
Aqui o lembrete é simples: O número da etiqueta é só um número! Se você veste 42 numa marca e numa outra o 42 não serviu, não deixe de experimentar o 44. E se o 44 ficar bom e te fazer se sentir mais bonita que com o tamanho menor, não tenha vergonha de comprar ele, só porque a etiqueta diz que, para aquela loja, você veste um número maior.
OBS: A ABNT está tentando colocar em vigor a nova norma que padroniza os tamanhos das roupas e eu falei sobre isso e continuo torcendo pra acontecer mesmo.
Composição do tecido
Tem tanta coisa pra falar de tecido que vai ter um texto aqui falando especificamente sobre isso, mas é importante dizer que a gente deve olhar a composição do tecido para calcular o custo benefício da peça e para saber se ela atende às nossas prioridades.
Roupas de tecidos sintéticos como viscose, poliéster, poliamida e acrílico devem ser mais baratas que roupas feitas com tecidos de fibras naturais, como linho, algodão, seda e lã. Existem peças, como a da etiqueta do exemplo lá no começo do texto, que tem composição mista, com fibras naturais e sintéticas. Isso influencia o toque da roupa, o cuidado que se tem com ela, e o preço dela também.
Existem tecidos que esquentam mais, e se você transpira muito, mais vale uma blusa de manga comprida 100% algodão, que uma regata de poliéster, porque tecidos naturais deixam a pele respirar melhor. Tem tecidos que amassam mais, que esticam se forem guardados pendurados, que dão bolinha com mais facilidade, que a manutenção é mais difícil ou mais cara, e etc.
Veja as diferenças entre os benefícios e os problemas do algodão e do poliéster nesse texto que eu fiz pra mostrar que nada é só bom ou só ruim sempre.
Lá no meu instagram eu sempre divido algumas dicas com as seguidoras sobre coisas que você pode evitar olhando a etiqueta das roupas.
Cada um tem vantagens e desvantagens que você deve conhecer, e por isso a legislação Brasileira exige que essa informação esteja na etiqueta. Na consultoria de estilo, eu ajudo a entender a etiqueta das roupas e indico para as minhas clientes quais os melhores tecidos para as demandas dela, porque isso é moda pra vida real, feita para pessoas reais, como eu e você!
Um comentário
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