Finalmente consegui ver Cruella, o live action da vilã mais glamourosa da Disney, que foi lançado esse mês no cinema e em casa (na Disney +), e apesar de eu estar de férias e esse “evento” ser considerado lazer, óbvio que a minha cabeça ficou borbulhando com tantas informações, e eu resolvi trazer informações sobre o figurino do filme pra cá!
Cruella: a vilã fashionista da Disney
O filme conta a história da origem da vilã de “101 Dalmátas”, uma animação que completou 50 anos da sua primeira exibição, em 1961 pela Walt Disney, e que está sendo interpretada pela atriz Emma Stone.
Em sua aparição inaugural, desenhada pelo artista Marc Davis, Cruella já se mostrava fashionista, com casacos de pele volumosos, e batom vermelho-sangue combinando com as luvas e os sapatos de salto alto. Os traços do seu rosto eram afiados e pontudos, desde o queixo ate as maçãs do rosto, para dar essa “cara” de vilã que o visagismo explica! Isso sem falar do seu cabelo bicolor com esse mullet, né? rs
Aliás, sobre o uso de casacos de pêlos animais, a Disney se pronunciou dizendo que “Em nosso filme, Cruella não faz mal aos animais de forma alguma. A personagem atual não compartilha das mesmas motivações de sua contraparte animada”, ao mencionar os 277 figurinos feitos exclusivamente para o live action (a Cruella usa 47 peças). Vilã consciente, adoro!
E por falar em “vilã consciente” o vestido de Cruella que eu usei na capa desse texto (em cima do carro) foi feito com 393 metros de organza e mais de 5.000 pétalas de flores (costuradas à mão), e com uma jaqueta com aplicações de correntes, alfinetes e dragonas e pesado coturno preto, pra dar um contraponto.
Outro look que vale o destaque é o vestido Garbage Truck Dress, feito com jornais, retalhos de vestidos de coleções passadas da Baronesa e 12 metros de cauda que aparecem com a Cruella na caçamba de um caminhão de lixo.
O vestido relembra a icônica peça de Elsa Schiaparelli, uma estilista italiana que em 1935 criou uma estampa a partir de recortes de jornais que a elogiavam. Na versão da Disney, o look remete a um upcycling afrontoso à Baronesa, que usa a peça pra mostrar que mesmo com retalhos e materiais descartáveis, consegue se destacar com as suas criações.
Já em 1996, a vilã foi para os cinemas interpretada pela atriz Glenn Close no filme “101 Dálmatas”, e entre as peças do seu figurino tinham vestidos dignos de um Met Gala (a festa mais disputada, ousada e observada do calendário de celebridades, em Nova York), e um blazer com os ombros bem marcados, (que eu AMEI).
Vale dizer que os ombros marcados estão na moda mais uma vez e é uma tendência que apareceu em desfiles de marcas como a Balmain esse ano:
Na live action desse ano, o figurino de Cruella tem looks inspirados na revolução do punk rock em Londres, e as peças trazem camadas de couro preto, pontas, assimetrias, grafismos e referências à moda nacional, como da estilista britânica Vivienne Westwood – que eu conto um pouco nesse texto aqui.
Deu uma invejinha da Cruella poder usar essas roupas tão glamourosas livremente por aí, enquanto a gente entra no segundo inverno da quarentena e continua vestindo pijama e moletom, trabalhando em home office e sem vida social. Por pouco mais de 2 horas, o filme me fez lembrar do quanto é gostosa essa sensação de vestir a melhor roupa para causar por aí!
Além das roupas, a designer de cabelo e maquiagem de “Cruella”, Nadia Stacey, revelou ter se inspirado no estilista Alexander McQueen para moldar o visual dos personagens do longa-metragem. Ela cita ainda nomes como o de David Bowie e do artista drag David Hoyle.
As coleções do McQueen (1969-2010) ficaram conhecidas por combinar elementos contrastantes, como a “fragilidade e a força, tradição e modernidade, fluidez e intensidade”. Não é a cara da Cruella?
A relação da Cruella com a moda
A live action mostra que Cruella era esperta, criativa e determinada a brilhar com seus designs durante toda a sua infância e juventudo, que vê a chance de mostrar o seu valor quando cruza o caminho da Baronesa von Hellman (Emma Thompson), uma lenda da moda, que tem um estilo clássico da alta costura, com referências a Dior, por exemplo.
A relação das duas personagens entra em curso de choque com revelações que farão a jovem Estella surtar e abraçar seu lado mais perverso, criando o alter ego Cruella de Vil. Meu lado psicóloga apitou aqui (pra quem não sabe, eu sou psicóloga de formação e de vez em quando eu falo da relação da psicologia com a moda e o estilo lá no meu instagram).
ALERTA SPOILER: Não tem como falar da Cruella sem citar os 101 Dálmatas, né? E obviamente que eles também aparecem em seu passado, quando a gente vê um grande trauma que ela passou em sua infância, e que justifica bastante sua aversão ao afeto da raça.
E, apesar de o filme “humanizar” a vilã, como aconteceu também no filme do Coringa, é importante dizer que em nenhum momento ela é apresentada como mocinha ou como heroína.
Me conta aqui se você gostou!