Estamos vendo durante a quarentena do Coronavírus como que o mundo está reagindo positivamente à ausência de interação com o homem, e como a indústria da moda é a que mais polui no mundo, eu estou sempre compartilhando informações sobre o assunto lá no instagram e não poderia deixar de falar sobre isso aqui num momento onde tudo precisa ser reavaliado e ressignificado.
O impacto do coronavírus no meio ambiente
Por conta do Coronavírus, o mundo inteiro precisou ficar em quarentena, deixando de interagir com outras pessoas (isolamento social), e em consequência, com a natureza e os lugares públicos em geral.
Além disso, muitas empresas pararam de produzir, para deixarem os seus funcionários em casa, e isso também diminuiu MUITO a quantidade de poluentes, resíduos e a emissão de gases como o CO2 (Dióxido de Carbono ou gás carbônico), que são os maiores causadores do efeito estufa.
Então, notícias boas como essas começaram a aparecer na internet:
- As águas dos canais de Veneza estão mais claras e cristalinas, por causa da diminuição drástica de turistas pela cidade e dos tradicionais passeios de barco. Isso aconteceu porque, com menos barcos e gôndolas circulando, há também menos movimentação da água e os sedimentos acabam ficando mais ao fundo dos canais. Vale dizer que, segundo o prefeito da cidade, mesmo estando mais claras e com a presença de peixes, as águas ainda são impróprias.
- Em Nova York, as emissões de monóxido de carbono (CO) pelos carros que circulam pela cidade diminuiu 50% em comparação ao ano passado, segundo dados da Universidade de Columbia revelados à BBC.
- Na China (que é o epicentro da pandemia do Coronavírus), as emissões de gás carbônico (CO2), diminuíram cerca de 25% em apenas duas semanas. Foi vista uma melhora de 21,5% na qualidade do ar na capital, Pequim, onde os moradores usam máscaras normalmente, para se proteger da poluição.
Os cientistas da Nasa disseram que reduções de emissões semelhantes foram observadas em outros países durante crise econômicas, mas que a queda na poluição do ar na China durante o período de quarentena foi especialmente rápida. “É a primeira vez que vejo uma queda tão dramática em uma área tão ampla para um evento específico”, disse Fei Liu, pesquisador de qualidade do ar da agência americana, em um comunicado.
- No Brasil, foi possível ver um céu mais claro e estrelado na Baixada Santista (SP). Segundo o climatologista e astrônomo Rodolfo Bonafim, “Menos carros, ônibus e outros veículos significa menor emissão de poluentes na atmosfera e, então, o céu fica ainda mais limpo e visível, principalmente a noite”.
- Dezenas de baleias azuis estão sendo vistas na Antártida de novo. É a primeira vez desde 1980!
Fonte: BBC
Isso mostra que embora o Coronavírus já tenha tirado muitas vidas no mundo todo, esse período pode oferecer ao mundo lições sobre como evitar os impactos mais destrutivos das mudanças climáticas no planeta!
É um momento de reflexão sobre novas práticas, que vão passar pela indústria da moda, que emite cerca de 8% dos gases-
O impacto da moda no meio ambiente
A indústria da moda foi a segunda mais poluente do mundo no século XX (e a segunda que mais consumiu recursos naturais, depois da agricultura), e depois que a quarentena acabar, é provável que o mundo todo esteja passando por uma crise financeira, inclusive as marcas (pequenas e grandes), e vão incentivar o consumo para que a economia não quebre (como nos discursos do Bolsonaro, que acha que acabar com a quarentena é a solução para continuar fazendo a economia girando).
No livro “Moda com propósito”, do André Carvalhal, ele fala sobre isso: “Alguns acham que a melhor forma de resolver a crise é incentivar o consumo para resgatar a prosperidade do passado. Mas infelizmente isso não vai acontecer. Se a economia melhorar e o tão estimado crescimento voltar, não vai durar muito tempo (lamento dizer), pois bem ali na frente vamos encontrar uma barreira: os recursos necessários para continuar girando o carrossel vão estar bem mais raros e caros. Então, teremos outro choque de preços e uma nova recessão – como sempre, mais profunda. Por isso é urgente encontrar novos caminhos”.
O consumo de moda e o meio ambiente
No livro “Moda e sustentabilidade”, Lilyan Berlin, que é doutoranda em ciências sociais e mestre em ciências ambientais diz que “unir moda ao termo sustentabilidade pode parecer contraditório. E em parte é. O consumo exagerado de roupas e acessórios bem como a lógica fast-fashion fazem com que a data de validade desses produtos seja curta e nossa relação com eles seja superficial”.
Eu sempre falei sobre consumo consciente aqui no site e com as minhas clientes da consultoria de estilo, e vale a pena citar dois grandes benefícios da consultoria de estilo, que são:
- A economia: Na consultoria de estilo eu ajudo a cliente perceber que tem peças com mais potencial do que ela imaginava dentro do guarda-roupas, e que ela não precisa comprar novas peças, e sim aprender a olhar para cada peça com mais possibilidades.
- Fazer as peças durarem: Ao ensinar a comprar roupas com um tecido que dure mais e como fazer a manutenção de cada peça, as roupas duram muito mais, o que gera economia para a cliente (evitando novas compras pra substituir as peças mal conservadas) e diminui o ritmo de produção das marcas, que com a diminuição das vendas, diminui o impacto no meio ambiente.
Dados de 2017 mostraram que o poliéster (que é a fibra sintética mais usada na indústria têxtil em todo o mundo) não apenas requer, segundo especialistas, 70 milhões de barris de petróleo todos os anos, como demora mais de 200 anos para se decompor.
A viscose, que é uma fibra artificial, exige a derrubada de 70 milhões de árvores todos os anos, já que é feita de celulose.
E, apesar de natural, o algodão é a uma fibra cujo cultivo é o que mais demanda o uso de substâncias tóxicas em seu cultivo no mundo – 24% de todos os inseticidas e 11% de todo os pesticidas, com óbvios impactos no solo e na água. As peças de algodão orgânico também causam impacto no ambiente. Em 2017, uma simples camiseta precisa de mais de 2.700 litros de água para ser confeccionada.
Além disso, dados de uma pesquisa da Mackenzie agora em 2020 mostram que apenas 20% dos resíduos gerados pela indústria da moda são reutilizados ou reciclados!
Esse post é informativo e passa pela certeza que eu tenho que agora é o momento de reduzir, reaprender e cuidar melhor do planeta, da gente e da forma como a gente consome – moda, comida e informação! O governo precisa fazer a parte deles, fiscalizando, as indústrias precisam fazer o papel delas na produção, enquanto a gente faz o nosso papel como consumidor – e povo que vota em quem pode resolver isso tudo (ou não)!