icone-site-vestindo-autoestima
bolsa cara

Porque alguém compra bolsa falsificada

Semana passada eu aproveitei que tinha tempo livre e fui conhecer um brechó que fica bem em frente à academia, em Copacabana (RJ), e tinha dois setores de bolsas: Um de bolsas originais e um com bolsas falsificadas, e eu quis trazer pra cá uma reflexão e tentar explicar porque alguém compra bolsa falsificada.

É importante dizer que a maioria dos brechós não aceita peças falsificadas, mas quando eles vendem, eles dizem que não são originais, tá? Ninguém vai comprar uma bolsa falsificada achando que é original!

Por que alguém compra bolsas caras?

Quando a gente fala em preço, a gente precisa entender que o que é caro pra mim pode ser barato pra você e vice-versa. Mas, nesse artigo eu estou falando especificamente do top 10 das marcas de bolsas femininas mais vendidas no mundo:

  1. Louis Vuitton
  2. Gucci
  3. Chanel
  4. Christian Dior
  5. Prada
  6. Fendi
  7. Hermès
  8. Balenciaga
  9. Celine
  10. Stella McCartney

A ideia é refletir sobre o quanto algumas pessoas gastam em artigos de luxo como essas bolsas caras, sem necessariamente ser uma preocupação com a qualidade da peça.

O que tem por trás do preço dessas bolsas?

A maioria das pessoas associa o preço à qualidade, e é óbvio que essas marcas vendem bolsas de boa qualidade, que vão durar por muito tempo e passar por gerações na mesma família (ou entre famílias diferentes, se a pessoa resolver vender). Mas, não é só por causa da qualidade que essas bolsas são caras.

Ninguém compra um produto ou um serviço apenas pelo seu preço ou função. A compra é um ato emocional, e essa escolha é motivada por valores intrínsecos, por mensagens que a marca comunica que as pessoas desejam se associar.
Esses valores e mensagens (essência da imagem) não têm um valor definido, e às vezes as pessoas se vêem dispostas a pagar caro para se conectar à esses valores – muitas vezes até sem poder arcar com esse custo!

Além disso, temos necessidade de pertencimento, ou seja, de se sentir pertencendo a um ou vários grupos – e uma forma de pertencer é ser reconhecido como igual. Quem viu “As Patricinhas de Beverly Hills” vê que elas usam as mesmas roupas, como nessa foto, usando conjuntinhos em xadrez.

Outro exemplo do cinema é a personagem Andy (Anne Hathaway), assistente da Miranda (Meryl Streep), no filme “O Diabo veste Prada”, que começa a usar roupas mais fashionistas para ser reconhecida pela sua chefe e suas colegas de trabalho, como nessa imagem com o seu antes e depois:

Muitas pessoas também podem comprar uma bolsa cara por status e um sentimento de exclusividade. Essas marcas produzem alguns modelos em uma quantidade muito pequena, e quem consegue comprar é associado a uma pessoa de sucesso e poderosa.

Segundo a especialista em artigos de luxo americana Jane Finds, a Victoria Beckham ganhou do seu marido (David Beckham) há muitos anos uma versão exclusiva da famosa Birkin, da Hermès, que foi feita à mão, com pele de crocodilo-do-Nilo (que era venerado como entidade no Antigo Egito) e decorada com ouro de 18 quilates e 245 diamantes.

A Hermès não produz mais do que duas unidades desse tipo de bolsa por ano, e somente para clientes muitíssimo especiais, e custou em torno de £ 80 mil na época (2017).

Por que as pessoas compram essas bolsas caras?

Já falei da qualidade dessas bolsas, do sentimento de pertencimento, de status e poder, mas também queria abordar (mesmo que superficialmente) um outro motivo que explicaria as pessoas comparem essas bolsas caras: para compensar alguma falta interna.

Também no filme “As Patricinhas de Beverly Hills” vemos pessoas comprando artigos fora do orçamento delas, pra se sentirem parte do grupo (por insegurança e problemas de autoestima) ou comprando mais do que precisam e depois falar que o importante não é o valor das suas roupas ou peças mas sim saber o seu valor e ter uma boa autoestima.


Isso acontece porque, como já expliquei lá em cima, a compra é um processo emocional, e quando estamos com autoestima abalada, ou nos sentindo inferiores por algum motivo, o emocional toma conta e não pensamos racionalmente nas consequências dessa compra por impulso.

Por que mulheres negras compram bolsas caras?

Falar sobre a relação das mulheres negras com o mercado de luxo é muito complexo (especialmente pra ser falado por mim, que sou uma mulher branca), mas a realidade é que algumas mulheres negras compram bolsas caras pelo mesmo motivo das mulheres brancas – para se sentir pertencendo e mostrar poder, mas com um peso histórico muito maior, por causa do racismo estrutural da nossa sociedade.

Nessa foto de uma cliente negra da consultoria de estilo online, algumas das suas bolsas caras – onde ela mais investe no seu guarda-roupas, pra parecer uma mulher tão poderosa quanto as suas colegas de trabalho. Essa escolha é consciente e essas palavras são delas, tá? Não tem nenhum julgamento de valor ou interpretação da minha parte!

Para quem quer saber mais sobre o consumo de luxo por mulheres negras, indico a Maraísa Fidelis.

Por que as pessoas compram bolsas falsificadas?

As pessoas compram bolsas falsificadas para terem acesso à sensação de terem um produto de boa qualidade e que lhes tragam status e pertencimento, sem pagarem o preço que o produto custa.

Nesses dois anúncios (que eu vi no mesmo dia no Google Shopping, no começo de 03/2021) temos a comparação de preços entre uma bolsa Neverfull orginal Louis Vuitton (uma das mais vendidas da marca) e uma réplica, ou seja, um modelo de bolsa falsificada.

É óbvio que tem gente que compra por achar que “é tudo a mesma coisa” e que está saindo na vantagem, ou por achar bonito sem nem saber que se trata de uma réplica de um objeto de desejo fashionista, por que em geral essas peças custam mais barato que uma bolsa de couro original numa marca de bolsas e sapatos de qualidade, como a Arezzo, Jorge Bischoff e Schutz, por exemplo (pra citar as marcas mais conhecidas).

Inclusive, essas marcas brasileiras vendem muitas peças inspiradas nos modelos de bolsas dessas marcas mais caras. Também no Google shopping, podemos ver a diferença de preço entre uma Bottega Veneta verdadeira (vendida pela Farfetch, que é uma multimarcas de moda de luxo) e uma inspiração da Arezzo:
OBS: Em um outro texto eu vou falar sobre a diferença entre cópia e inspiração, que é um assunto mais complexo e demanda uma pesquisa na história da moda, mas assim que eu fizer, eu venho aqui atualizar o texto.

Onde comprar bolsa cara por um preço mais baixo?

Existem duas formas de comprar qualquer coisa cara por um preço mais baixo: liquidação e brechó.

Essas marcas de bolsas mais caras não fazem liquidação, nem em peças clássicas (como a Chanel 2.55 – criada por Gabrielle Chanel em fevereiro de 1955 e uma das bolsas mais vendidas e mais copiadas no mundo) e nem em peças exclusivas, então, se o seu sonho é ter uma bolsa dessas, mas não está no seu orçamento, o ideal é comprar em brechó.

Bolsa Chanel 2.55

No Google Shopping também encontrei o mesmo modelo da bolsa Bottega Veneta num preço bem mais barato que a nova e bem mais cara que a inspiração da Arezzo, ou seja, tem opção pra todos os tipo de orçamento!

Brechós de luxo

Existe uma categoria de brechó chamada Label, que trabalha apenas com artigos de luxo, como eu expliquei nesse texto aqui.

Além do Enjoei, eu indico os sites “Cansei Vendi” e o “Etiqueta Única” para as minhas clientes. Também é fácil encontrar bolsas de marcas em brechós na sua cidade – mas vale a pena perguntar e analisar a peça, ou pedir o certificado, para ter certeza de que é uma bolsa original.

Essas fotos foram tiradas num brechó aqui no Rio que eu conheci semana passada, e tinha bolsas originais e falsificadas em setores separados! Essas das fotos são originais.

Nesse texto aqui eu falo sobre os 3 tipos de brechó, pra você saber qual deles você vai encontrar o que precisa (inclusive bolsas falsificadas).

Eu sempre mostro os brechós que eu conheço lá no instagram, então me segue aqui pra não perder!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pri_bio
Oi, eu sou a

Priscila Citera

Apaixonada por pessoas e por moda, resolvi unir a Psicologia e 12 anos de experiência em recursos humanos com a formação em Consultoria de Estilo pela Oficina de Estilo, e desde 2014 ajudo mulheres e homens desse mundão todo a transformarem personalidade em looks e roupas em representação da personalidade, sem que eles precisem gastar muito!