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Um em cada 3 brasileiros culpa mulher em casos de estupro

Um estudo do Datafolha de 2016 apontou que um em cada 3 brasileiros culpa mulher em casos de estupro, mas essa notícia poderia ser de 2021, porque nada mudou de lá pra cá. É bizarro, mas vou repetir a informação para não deixar dúvidas: Segundo o levantamento, 33,3% da população brasileira acredita que a vítima é culpada.

Na sexta-feira da semana passada eu comecei a abordar o tema sensualidade no vestir e essa culpa e medo que toda mulher tem de ser julgada pelo que está vestindo lá no instagram, e logo em seguida aconteceu a acusação de estupro envolvendo o Nego do Borel no programa “A Fazenda”, da Record.

Mas, ainda pior do que p medo de ser julgada pela roupa que estamos usando, é o medo de ser estuprada. Essa mesma pesquisa do Datafolha de 2016 mostrou que 85% das mulheres entrevistadas têm medo de sofrerem violência sexual.

Dados da pesquisa:

  • Para 30% dos homens, a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada. O estudo apontou que 42% deles dizem que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas.
  • A culpabilização da vítima também acontece entre as mulheres, que são as que mais sofrem com o crime: 32% concordam com a afirmação.

Lembrando que a pesquisa foi realizada pelo instituto Datafolha, que entrevistou, entre os dias 1º e 5 de agosto de 2016, 3.625 pessoas de 217 cidades espalhadas por todo o Brasil. Esses dados foram desenhados em gráficos também:

A pesquisa completa está nesse link aqui, do G1.

Estupro culposo: O caso Mari Ferrer

No final do ano passado, o julgamento do caso que aconteceu com a influencer Mariana Ferrer terminou com a tese inédita de ‘estupro culposo‘, ou seja, concluindo que o empresário André de Camargo Aranha não teve a intenção de estuprá-la – mesmo o estupro sendo enquadrado como crime hediondo (Lei 8.072, de 1990).

Na época do julgamento, Cláudio Gastão da Rosa filho, o advogado de defesa do acusado, usou fotos do instagram da vítima e a roupa que ela usava no dia do incidente CONTRA A VÍTIMA, numa tentativa de justificar que a conduta do assediador poderia ter sido induzida pela roupa dela.

O vestido que Mari Ferrer usava no dia deveria ter sido usado como prova do estupro, e não como prova de que ela “procurou” ou “autorizou” o crime, provocando o assediador.

A mesma coisa aconteceu com a Dayane Mello na A Fazenda nesse final de semana, já que ela, bêbada, teria deitado na cama do Nego do Borel e isso foi visto como uma “autorização” – ainda que tenham vários vídeos que comprovam que ela não estava em condições de consentir nada!

Vale lembrar inclusive que Nego do Borel já tinha sido acusado de estupro de vulnerável por outras 2 mulheres antes de entrar no programa, ambas suas namoradas, porque o fato de ter um relacionamento com alguém não é um passe livre para o sexo a hora que apenas um dos parceiros quer fazer sexo – o que, por si só, já deveria ser motivo suficiente para pararem de colocar a culpa na roupa que as vítimas usam no momento do assédio / estupro.

A imagem que ilustra esse texto é da campanha “Não é não!” que fala sobre consentimento. Também compartilhei esse fluxograma desenhadinho nos stories, para falar do que é estupro e o que é sexo consentido:

Achei uma triste coincidência esse caso acontecer justamente quando eu estava começando a falar sobre a necessidade de aceitar a vontade de parecer mais sexy nas roupas e ter menos medo dos rótulos. Eu já falei sobre o medo de ser sexy aqui, e vou continuar falando, para que parem de achar que a culpa é da vítima, em qualquer que seja a situação de violência.

O rótulo não deve existir: nem nas roupas e nem na mulher

Eu trabalho com a mensagem que as roupas comunicam, e para cada cliente a mensagem é diferente, mas infelizmente ainda vivemos numa sociedade que julga decotes, roupas justas e curtas como sendo inadequadas para alguns “tipos de mulheres”, quando na verdade, as roupas só são inadequadas para algumas situações e lugares quando eles têm um dress code específico.

É importante dizer que um maior ou menor pedaço de tecido está muito longe de representar tudo o que uma mulher é por dentro, e que tampouco é um convite para o assédio.

E pra finalizar, vou deixar o meu post de sexta-feira aqui, pra mostrar que o machismo é tão enraizado que mesmo em mulheres como eu, que me vejo como feminista e super ciente dos meus direitos e desejos, também tenho medo do julgamento e de como a minha imagem vai ser vista quando me visto de forma mais sensual.

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Priscila Citera

Apaixonada por pessoas e por moda, resolvi unir a Psicologia e 12 anos de experiência em recursos humanos com a formação em Consultoria de Estilo pela Oficina de Estilo, e desde 2014 ajudo mulheres e homens desse mundão todo a transformarem personalidade em looks e roupas em representação da personalidade, sem que eles precisem gastar muito!