Com todo esse caos acontecendo no Afeganistão e as mulheres muçulmanas correndo o risco de perderem os poucos direitos que elas conquistaram nos últimos 20 anos, eu resolvi trazer uma lista de influenciadoras muçulmanas para você seguir e aprender um pouco sobre a cultura dela e a forma como elas falam de moda e beleza também.
Resolvi falar sobre isso porque percebi que não tinha incluído alguns avanços que tinham acontecido para as mulheres muçulmanas nos esportes quando falei de uniforme feminino nas olimpíadas. Já corrigi o meu erro, incluindo as informações que soube depois que publiquei o texto, mas achei muito pouco – e por isso vim dar visibilidade para essas mulheres!
O que está acontecendo com as mulheres no Afeganistão?
A ideia desse texto NÃO É FALAR SOBRE POLÍTICA E RELIGIÃO, até porque eu não entendo muita coisa sobre a cultura afegã e não é o meu lugar de fala, mas eu vou falar rapidamente sobre o que está acontecendo no Afeganistão atualmente para contextualizar, ok?
Depois que o Talibã tomou novamente o poder no Afeganistão, milhares de pessoas fugiram do país naquela cena horrível que vimos na internet, de pessoas amontoadas dentro de aviões, e até de gente PENDURADA nas asas e rodas do avião numa tentativa desesperada de não ficarem lá e não passarem de novo por tanta crueldade.
E é óbvio que as mulheres seriam prejudicadas. Já dizia Simone de Beauvoir: “Basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”.
Uma das primeiras imagens que apareceram ontem que mostra que as mulheres vão perder os seus direitos e vão ser invisibilizadas novamente é a de homens talibãs apagando imagens de mulheres em muros, e tirando propagandas de mulheres em salões de beleza, por exemplo, pra não ter imagens públicas femininas.
O Talibã é uma milícia armada que usa uma visão distorcida do Islã para exercer o seu domínio, e na última vez que eles tomaram o poder no Afeganistão, as mulheres perderam quase todos os seus direitos civis. Quem não lembra do caso da Malala, que foi baleada enquanto ia pra escola para defender o direito ao estudo?
Nesses 20 anos (quando os EUA invadiram o Afeganistão depois do ataque às torres gêmeas e o apoio do talibã ao Osama Bin Laden), as mulheres estavam participando bastante da sociedade, tendo estudado, trabalhado, e inclusive participando de olimpíadas, usando hijab – e foi seguindo influenciadoras muçulmanas que me fez perceber que eu não tinha incluído essas vitórias nos textos sobre uniforme feminino.
A vitória das mulheres muçulmanas nos esportes
Quando eu falei sobre como as mulheres estão conseguindo mudar os uniformes femininos no esporte para não serem sexualizadas e terem mais conforto e respeito, respeitando as regras de cada país e de cada esporte, infelizmente eu deixei os avanços das mulheres muçulmanas nos esportes de fora (mas já corregi o erro e atualizei os textos!).
Esse ano tivemos atletas muçulmanas usando hijab inclusive no badminton, um esporte que até 2012 só deixava as mulheres jogarem de saia “para parecer mais feminino”. Um grande avanço, né?
Nas olimpíadas de 2016 aqui no Rio, a esgrimista Ibtihaj Muhammad, a primeira mulher norte-america muçulmana a participar (e ganhar uma medalha) usando o hijab.
Ela foi tão importante que a Mattel fez uma Barbie usando hijab para representar milhões de mulheres e meninas muçulmanas, e a Nike desenvolveu um hijab adequado para a prática esportiva (muitos ficam saindo do lugar ou encharcam de suor) em 2018.
Já em 2020, a Nike lançou a Nike Victory Swim Collection, uma linha composta por roupas de banho (incluindo leggings, túnicas e um hijab) leves e de cobertura total, criadas para oferecer liberdade de movimento na água. Achei muito legal e importante!
Eu falei sobre as grandes marcas que desenvolveram coleções para as olimpíadas ao longo da história nesse texto aqui.
03 influenciadoras muçulmanas para seguir
Agora que eu já expliquei o que me motivou a fazer esse post e já corrigi o meu erro, anota aí algumas influenciadoras muçulmanas que podem te ajudar a entender melhor sobre a cultura delas, o que está acontecendo no Afeganistão e como isso tudo pode tirar os direitos de muitas mulheres (que vai muito além de usar ou não uma burca ou o hijab).
Carima Orra
A Carima Orra foi a primeira influenciadora muçulmana que eu comecei a seguir no instagram, porque ela é muito estilosa e carismática. Aprendo muito com ela!
Desses influenciadoras muçulmanas, a Carima é a que tem o conteúdo mais diversificado, e além de falar de moda e da cultura dela, ela também fala de maternidade.
Hyatt Omar
Hyatt Omar é estudante de psicologia no Canadá e usa o instagram pra falar dos estudos, da cultura afegã e de autoestima.
Ela não usa o hijab para sair em público. “Temos os cinco pilares da fé e tem certas coisas que eu preciso trabalhar na minha fé para chegar num lugar de conforto para o uso do hijab“, explica, “eu uso o meu livre arbítrio como mulher, como muçulmana, como ser humano para não usar algo que eu não estou preparada.”, disse ela a uma entrevista ao Steal The Look.
A Hyatt Omar é uma das melhores influenciadoras muçulmanas para você perder o preconceito, e entender que o uso do hijab é uma escolha que elas podem fazer.
Mariam Chami
Também já seguia a Mariam Chami há algum tempo, e talvez seja a melhor pessoa pra entender sobre a cultura muçulmana. Ela é brasileira, filha de brasileira convertida, empresária, e também fala muito da sua vida profissional e seu estilo pessoal – sempre com muito bom humor e didática!
Nessa primeira foto a Mariam está usando um burkini, e quando eu fui pesquisar para fazer o texto sobre como não ficar com cara de crente, eu descobri que também existem marcas de roupas fitness e de moda praia evangélicas para algumas religiões aqui no Brasil (como o caso da Assembléia de Deus, que é a religião da cliente da consultoria de estilo presencial aqui no Rio, que não pode mostrar os braços e nem usar calça comprida e me pediu esse texto).
Resolvi trazer a indicação dessas influenciadoras muçulmanas pra cá pra gente entender que religião é escolha, e que elas precisam ter o direito de escolherem usar o hijab ou não, assim como ter os seus outros direitos garantidos. Desejo muita força e sabedoria para elas e vamos fazer a nossa parte, dando voz a essas mulheres!
Também pensei em trazer influenciadoras muçulmanas de idades e perfis diferentes, pra que você possa seguir a que você mais se identificar e gostar. Eu particularmente sigo todas porque adoro um feed cheio de diversidade e aprendo muito com elas! Se conhecer outras influenciadoras muçulmanas, me indica no comentário ou lá no instagram!!
