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O Coronavírus e o comportamento de compra

O Coronavírus está afetando a economia no mundo todo, tanto pela variação dos preços e escassez de produtos quanto pelos desempregos, e isso vai interferir diretamente no comportamento de compra das pessoas.

Como a minha área de atuação é ligada à moda, eu vou falar especificamente de dados desse segmento, mas vale a leitura pra você entender como as coisas influenciam a forma como você compra (ou para de comprar).

Comportamento de compra

Para entender melhor porque eu estou falando sobre o impacto do Coronavírus no comportamento de compra, vou começar explicando que tudo que acontece no mundo influencia diretamente no nosso comportamento, e com o Coronavírus não vai ser diferente.

desfile do Giorgio Armani, um dos mais aguardados e comentados do mundo, foi realizado com as portas fechadas, sem público (já cumprindo a determinação de evitar aglomerações) e foi transmitido ao vivo nas mídias sociais.

Nessa foto, vemos os fotógrafos e câmeras que registraram o desfile usando máscara de proteção:

Mesmo com a facilidade para comprar pela internet, houve uma baixa nas compras em lojas de luxo, que estão fechadas por causa da quarentena. Então, as lojas que têm a modalidade de venda online vão se destacar nesse período.

Também é importante dizer que vivemos a época da “fake news”.  Num mundo cheio de mentiras, as  pessoas querem confiar nas marcas que compram, e que isso pode definir se a sua empresa vai vender ou não agora, e em qual loja você vai comprar. Vou falar mais sobre isso a seguir.

O que a Kantar descobriu sobre o sentimento do consumidor?

No final de 03/2020, a Kantar (empresa especializada em pesquisa de mercado, insights e consultoria) divulgou um estudo que avaliou o sentimento global do consumidor em relação à pandemia do Coronavírus:

1- Apenas 8% dos 25.000 entrevistados disseram que as empresas deveriam parar de anunciar.

O estudo afirma também que as marcas que estiverem ausentes durante a pandemia (para reduzir custos), sofrerão com a recuperação no mundo pós-pandemia.

2- Para aqueles que continuam anunciando, a maioria dos consumidores espera que a publicidade dê uma contribuição positiva à sociedade:

‘Fale sobre como a marca é útil na nova vida cotidiana’ (77%), ‘Informe sobre seus esforços para enfrentar a situação’ (75%) e ‘Oferecer um tom tranquilizador’ (70%).

3- 75% disseram que as marcas “não devem explorar a situação do Coronavírus para promover a marca”, enquanto 40% disseram que “devem evitar tons de humor”.

4- Os consumidores também mostraram que estão escolhendo as empresas que priorizam o bem estar de seus funcionários:

78% dos entrevistados pedem que as empresas cuidem da saúde dos funcionários e 62% dizem que as empresas devem implementar acordos de trabalho flexíveis.

Conclusão:

Isso mostra que o consumidor não é contra a divulgação de produtos e serviços durante a pandemia, mas que está mais interessado nos valores e no propósito da empresa / marca.

Ou seja, vale o que a empresa pode oferecer além do serviço / produto e qual o seu diferencial nesse período.

Como a indústria da moda está se comportando

A moda está se transformando, e deixando de falar da roupa que veste a pessoa, pra falar da pessoa que veste a roupa (como eu sempre falei sobre a consultoria de estilo).

Por isso, nesse momento, estamos vendo marcas grandes e pequenas se posicionando de acordo com os seus valores, mostrando mais do que os seus produtos:

A Vogue Itália de Maio/2020 trouxe uma capa toda em branco (LINDA!) pela primeira vez em mais de 100 anos. Essa “simplicidade” e “minimalismo” é cheio de significado, afinal, o futuro é uma página em branco (agora mais do que nunca), e esse futuro exige que a gente repense nossos hábitos, incluindo o nosso comportamento de compra.

Vale citar também que enquanto o  grupo francês LVMH (dono de Louis Vuitton, Dior e Guerlain) começou a produzir álcool em gel nas suas fábricas e distribuir para as autoridades.

Várias outras marcas fizeram grandes doações em dinheiro para a compra de equipamentos hospitalares, e ganharam visibilidade nesse período. Enquanto isso, o Madero, por exemplo, perdeu clientes depois do depoimento polêmico de um dos seus donos sobre o isolamento social, e da demissão em massa de seus funcionários.

Em São Paulo, semana passada, dois trabalhadores bolivianos de oficinas de costura morreram por conta do Coronavírus. Vale dizer que o mesmo sistema que não fiscaliza a contratação dessa mão-de-obra ilegal dificulta o acesso aos benefícios (como o benefício emergencial) – porque eles não têm a documentação necessária.

Grandes marcas estão oferecendo descontos e frete grátis nas compras online. Algumas estão dando máscara de tecido de brinde para quem fizer compras, ou doando um percentual das vendas para entidades e ONGs.

Porque estou oferecendo consultoria de estilo durante a quarentena

Quando eu postei o texto falando sobre a consultoria de estilo durante a quarentena, eu pensei exatamente assim: Ser clara no meu objetivo (continuar tendo cliente e renda durante esse período) e informando os benefícios do serviço durante esse período (fortalecimento da autoestima e economia).

Algumas pessoas acham fútil falar de moda agora, mas eu sempre tive convicção de que o meu trabalho é sobre pessoas, então, eu continuo falando do meu trabalho apesar do Coronavírus. Entende?

O que as pessoas vão comprar em moda?

Segundo o relatório Coronavirus: Design Priorities, elaborado pela WGSN (empresa de previsão de tendências), a pandemia do Coronavírus irá influenciar no comportamento de compra das pessoas, que vão começar a procurar:

  • Roupas feitas com tecidos antivirais, antibacterianos e com proteção contra a poluição.
  • Peças confortáveis e que possam ser usadas para ficar em casa e que pareçam “roupas de trabalho” ao mesmo tempo, por causa do modelo de trabalho em home office.
  • Itens com maior durabilidade, para economizar com várias peças que duram pouco e precisam ser substituídas.
  • Apenas o necessário, o que faz diferença, o que ama – ao invés de comprar muito, só por comprar.
  • Peças mais sustentáveis, para diminuir o impacto ambiental.
  • Itens com design protetor, com a incorporação de elementos como máscaras, que cubram tanto a boca quanto o nariz.

Uma das marcas que eu conheci e posso indicar é a Cidadão Global, que está produzindo peças com tecido antiviral, confortável e com design protetor, como esse moletom com máscara incluída, que eu dei de presente para alguém que eu queria cuidar e proteger:

Comportamento de compra é diferente de demanda reprimida

Essa demanda está aparecendo porque especialistas já começam a prever que vamos continuar lutando contra o Coronavírus nos próximos 2 anos, e talvez a máscara seja uma realidade no mundo todo, como já é em países como o Japão.

É muito importante dizer que o nosso estilo é uma misturinha da nossa essência com as nossas escolhas e demandas (prioridades no vestir), e isso influencia a forma como a gente consome moda e usa a moda pra mostrar quem a gente é.

Essa forma que a gente consome moda é diferente de demanda reprimida, e por isso, pode demorar um pouco para ser modificada.

A demanda reprimida é algo temporário, como o que aconteceu na China logo depois que a quarentena acabou e as pessoas “correram” para comprar bolsas Hèrmes. Eu postei lá no instagram:

As pessoas vão consumir mais quando isso tudo passar?

Não dá pra prever e nem generalizar porque as pessoas têm comportamentos de compra e demandas reprimidas diferentes.

Apesar de a China consumir MUITO mercado de luxo, depois de passarem algum tempo sem poder comprar nada, eles foram lá saciar essa vontade reprimida. Mas não significa que o consumo vai aumentar ou voltar ao que era antes. Entende?

Eu acredito que o mundo pós pandemia vai ter a sustentabilidade como estilo de vida, e isso vai muito além de usar peças de algodão orgânico!

Consumir de forma consciente e sustentável vai ser o novo “menos é mais”! E é claro que as nossas escolhas impactam de forma positiva ou negativa outras pessoas e o mundo em geral. Eu já falei um pouco sobre o que eu considero consumo consciente aqui.

A loja da Hérmes faturou U$2,7 milhões e apesar de essa notícia fazer a gente pensar em várias coisas, um dado chamou a atenção: As pessoas ainda estão assustadas e evitando aglomerações, e isso explicaria a ida a uma loja grande e que não teria tantas pessoas, ao invés de irem a um shopping, por exemplo.

Locavorismo

Outro fenômeno que vimos acontecer durante a quarentena e que impactou o comportamento de compra é o chamado “locavorismo”.

Locavorismo é o hábito de consumir apenas produtos produzidos próximos de onde você vive, além de contratar serviços de pequenos empreendedores locais, para valorizar o comércio local e fazer o dinheiro ser distribuído de forma mais “igual”.

Esse comportamento de compra começou com a alimentação, e está se expandindo para outros segmentos. Esse comportamento chegou na moda na forma de preferir comprar de marcas pequenas, que tem mais dificuldade em se manter em crises como essa, do que das grandes marcas, como as redes de lojas de departamento.

Mesmo antes do Coronavírus, eu já praticava o locavorismo (sem saber que esse era o nome rs):

  • Sempre prestigiei eventos locais como o “O Mercado”
  • Indico serviços como o da minha costureira (que foi indicada por uma cliente!), brechós e marcas pequenas e locais para as minhas clientes da consultoria de estilo
  • Dou preferência para as marcas de mulheres, como a Benedita Atelier, por exemplo, que é uma marca de acessórios aqui do Rio, e vende também pelo Instagram (e minhas clientes tem 10% de desconto).

Outros textos falando do impacto do Coronavírus no comportamento de compra

Desde que entrei em quarentena voluntária (estou em casa desde o dia 18/03/2020), eu estou estudando e falando sobre o assunto aqui, mas infelizmente não existe uma resposta sobre o que é o ideal a se fazer agora.

Eu estou evoluindo como pessoa, profissional e consumidora também nesse período, e a ideia é ir compartilhando conhecimentos por aqui e no instagram, pra que a gente saia dessa mais fortes (e logo!!).

Se você chegou no meu site através desse texto, vale a pena ler os outros textos que fazem parte dessa série:

1- Num texto do final do mês passado eu dei algumas dicas sobre como comprar bem pela internet justamente porque essa já foi uma mudança no comportamento de compra durante a quarentena.

Sem poder sair de casa, as pessoas que não estão em risco financeiro passaram a comprar mais pela internet, e eu compartilhei o meu conhecimento para ajudar as pessoas a saberem o que avaliar nesse momento e comprar como uma consultora de estilo.

2- Ainda no mês passado, eu mostrei nesse texto aqui o quanto a história muda a moda, e que a moda muda o tempo todo com a história.

Vale a pena ler para entender porque isso tem grande potencial de mudar o nosso comportamento de compra.

3- Depois, eu falei sobre como a quarentena do Coronavírus mudou o meio ambiente, e o que precisamos (marcas e consumidores) aprender com isso.

Conclusão:

Acredito que nesse momento, o que eu posso fazer é compartilhar o conhecimento que eu tenho sobre o assunto e preparar as pessoas para as possíveis mudanças que vão acontecer no mundo e que vão influenciar no nosso comportamento de compra daqui pra frente.

Em breve eu vou falar especificamente do consumista compulsivo e de que como a mente reage às compras, principalmente em momentos de angústia e incertezas, como o que estamos vivendo agora.

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Priscila Citera

Apaixonada por pessoas e por moda, resolvi unir a Psicologia e 12 anos de experiência em recursos humanos com a formação em Consultoria de Estilo pela Oficina de Estilo, e desde 2014 ajudo mulheres e homens desse mundão todo a transformarem personalidade em looks e roupas em representação da personalidade, sem que eles precisem gastar muito!