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Por que você é Farmete?

Quem mora aqui no Rio (como eu!) conhece o termo Farmete, que é usado para falar das mulheres e meninas que usam roupas da Farm na grande parte do tempo, ou na grande maioria das situações – da praia à festona, e é disso que eu vou falar nesse post.

É importante dizer que existe Farmete em vários estados do país, já que tem loja online e em outros estados, e eu inclusive tive uma cliente da consultoria de estilo online que mora na Alemanha e era uma Farmete e pedia para os pais mandarem as peças que ela gostava junto com outras coisas que a mãe ia mandar pra ela, pra diminuir o valor de frete.

Olhando o guarda-roupas dela, dá pra identificar algumas cores e estampas, que é a maior característica das peças da Farm, e que eu vou falar melhor a seguir.

Qual é o estilo da Farm?

Eu já falei aqui e no instagram que quando eu levo a cliente para a etapa de personal shopper, eu seleciono as peças de acordo com o estilo e as demandas dela, e penso em que lojas que a gente pode encontrar essas peças com mais facilidade – de acordo com o estilo da marca.

Inclusive, nesse post aqui no instagram eu até brinquei com o fato de ter levado uma cliente para fazer compras lá e ter comprado algo pra mim também:

Toda loja tem um estilo definido, e pode até ter algumas coisas fora desse estilo pra fazer mais vendas (como a própria Farm tem algumas peças lisas e jeans, por exemplo), mas a essência dela é mais colorida e estampada, que é o que faz uma farmete reconhecer a outra.

Além disso, o público alvo da Farm (que em publicidade a gente chama de Persona) é uma mulher mais jovem e que tem um lifestyle mais casual e despojado, aquela coisa meio novela do Manoel Carlos sabe? Com os personagens caminhando pela orla do Leblon tomando água de coco com peças fluidas voando com o vento e combinando com a informalidade do Rio de Janeiro – aquela imagem que as pessoas dos outros estados têm de que a gente (carioca) tá sempre na praia – mesmo nos dias mais frios, de calça:

Eles reforçam essa imagem o tempo todo nos seus editoriais e vendem inclusive pranchas de surf, biquínis e acessórios de praia, além de chinelos personalizados, que também é uma marca dos cariocas – que usam chinelo para ir a quase todos os lugares!

Essa “alma solar” é característico de quem gosta de praia, e de quem pode estar na praia. Além disso, as peças da Farm costumam ser mais caras que as outras marcas com o mesmo perfil (jovem e casual), o que já define ainda mais o seu público.

É muito difícil ter uma Farmete na baixada fluminense e na zona norte do Rio. Inclusive, nem tem lojas da Farm lá nessas regiões. Não se sabe se as pessoas não compram Farm nessa região porque não tem loja lá, ou se não tem loja lá porque as pessoas não comprariam, já que a gente não pode generalizar dizendo que quem mora na baixada e na zona norte não tem dinheiro ser uma Farmete.

Eu já morei na baixada fluminense quando era jovem, e morei na zona norte do Rio quando casei, e nessa época eu já comprava Farm porque trabalhava na zona sul e com pessoas que também usavam a marca, e hoje que eu moro na zona sul, compro com menos freqüência (por opção) mas com mais facilidade.

Esse casulo é uma das minhas peças favoritas e mais antigas da marca, além do vestido que eu estou usando por baixo e o casaco da foto da capa desse texto, que é da collab com a Adidas – que eu também tenho várias peças (especialmente pra usar na academia), e é outra marca que eu comprava muito até descobrir o que eu falo nesse texto aqui.

Eu mesma, que já me autoproclamei uma consultora de estilo pobre lá no instagram sempre comprei bastante coisa na Farm. E isso parece incoerente por que a Farm sempre teve roupas mais caras que a maioria das marcas locais aqui no Rio.

Quando eu era casada e comprava alguma coisa lá, tentava esconder a peça do meu ex-marido (que achava tudo de lá muito caro), mas ele sempre descobria quando chegava em casa, por causa do cheiro das peças (que é outra marca muito forte da Farm), e dizia: “já comprou roupa na loja da florzinha de novo, né?”. Pra quem não sabe, esse é o logo da Farm:

Quem é a mulher Farmete?

Além de ser uma mulher jovem e com grana o suficiente pra comprar tudo que gosta na loja, temos que considerar o fator social e dizer que gostamos de ser reconhecidos por nossos iguais e que roupa sempre foi usado pra diferenciar grupos e mostrar status.

Quando eu digo “mulher jovem”, eu não estou falando em uma faixa de idade específica, ta? (apesar de a marca ter a faixa etária dela definida, como toda marca tem, quando pensa na sua persona).

Eu continuo usando Farm aos 40 anos, e vejo meninas ainda no ensino médio ou início da faculdade usando também. Aqui a diferença básica é que eu compro essas roupas com o dinheiro do meu trabalho, e elas compram com o dinheiro dos pais delas. E, pelo que eu vejo nas ruas do Rio, nas lojas e nas redes sociais, a maior parte do público da Farm é mais esse segundo grupo.

Também é importante dizer que existe a Farmete e a mulher que compra na Farm de vez em quando. Apesar de eu amar muitas peças da Farm, eu não compro tudo que eu gosto porque tenho outras prioridades e responsabilidades com o meu dinheiro (e porque tem muita coisa que eu não acho que vale o custo benefício), e a maior parte do meu guarda-roupas é de outras marcas – o que mostra que eu não sou uma Farmete (apesar de nessa foto lá no instagram parecer que eu estava numa sessão de fotos pra marca rsrs):

Quem é Farmete reconhece outra Farmete de longe, principalmente pela estampa das peças e por outros detalhes que se repetem sempre nas coleções. Eu tive uma amiga que conseguia dizer o nome da coleção e o ano, e isso podia ser uma crítica ou um elogio, dependendo da situação:

  • Nossa, essa coleção é de 2012 e ela ainda usa? (como uma crítica)
  • Caramba, ela conseguiu comprar essa peça da coleção X, que vendeu super rápido! (como um elogio e admiração).

Nessas duas situações, existe o reconhecimento de uma pessoa da “mesma tribo”, o que facilita uma aproximação e até mesmo a amizade – assim como acontece quando a gente usa camiseta da nossa banda favorita ou time de futebol, sabe? E a pessoa pode se identificar com a outra por achar que são pessoas iguais – tanto no gosto, quanto na personalidade, e até mesmo status social, como acontece com itens de luxo como bolsas de grife.

Por que você é Farmete?

Quando eu tenho alguma cliente que gosta muito de uma marca específica, eu sempre pergunto o porquê de ela se identificar com aquelas peças.

Em geral, quem é Farmete gosta dessa explosão de cores e estampas, mas tem quem queira usar as peças da Farm por causa do lifestyle que ela vende (carioca, solar, jovem, com uma situação financeira bacana). E também tem quem use as peças da marca por status, para ser vista como uma Farmete – que engloba todas essas características, igual quando a gente fala de bolsominion e já entende que é alguém que pode ser racista, machista e negacionista, sabe?

Em 2014 eu tive uma cliente que tinha se mudado há pouco tempo do interior de Minas para o Rio e ela dizia que mesmo sem falar nada, as pessoas sabiam que ela não era carioca, por não ser muito colorida. E antes de me contratar, ela tinha comprado várias peças da Farm… e teve alguns problemas:

  • não conseguia combinar com peças coloridas, porque achava que chamava muita atenção
  • só usava as blusas estampadas com calça jeans e as partes de baixo estampadas (calças, saias e shorts) com blusa preta
  • achava que estava parecendo ser muito mais jovem do que ela era (estampas e cores passam uma mensagem de jovialidade e informalidade mesmo)
  • tinha a sensação de que as roupas “ficavam muito marcadas” e que se usasse de novo perto das mesmas pessoas, elas iam reparar

Nesse post de 2016 eu mostro que uso esse vestido da marca (que é o mesmo que eu estou usando com o casulo, na foto lá em cima) também de trás pra frente, pra usar mais e versatilizar a peça:

Eu já falei sobre os motivos que levam a gente a deixar uma roupa bonita parada no guarda-roupas, e por mais que o seu olho brilhe a cada lançamento da marca, é importante saber se vai funcionar com as peças que você já tem e na sua rotina. Tem muita coisa que é bonita e não serve pra gente, não vai funcionar, e a gente precisa aprender a reconhecer essas peças para não gastar dinheiro a toa.

Conseguiu entender se você é uma Farmete e por que?  Esse texto te ajudou a entender a sua relação de consumo com a marca? Espero que sim! Se não, me manda um email que eu te falo como que o meu serviço de consultoria de estilo pode resolver isso!

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Priscila Citera

Apaixonada por pessoas e por moda, resolvi unir a Psicologia e 12 anos de experiência em recursos humanos com a formação em Consultoria de Estilo pela Oficina de Estilo, e desde 2014 ajudo mulheres e homens desse mundão todo a transformarem personalidade em looks e roupas em representação da personalidade, sem que eles precisem gastar muito!