Vestindo Autoestima

Todo mundo sofre pressão estética

Você já deve ter visto mulheres sendo criticadas em diversos níveis, porque independente do corpo e da aparência, todo mundo sofre pressão estética, e por isso eu resolvi falar sobre isso aqui.

Todo mundo sofre pressão estética

O termo “padrão de beleza” sempre existiu e está cada vez sendo mais usado, mas a verdade é que as pessoas em geral nunca estão satisfeitas com o seu próprio corpo (independente de como seja) e as outras pessoas também não ajudam nesse processo de aceitação, colocando pressão estética o tempo todo.

Eu já contei aqui várias vezes que eu visto roupas PP / 34, e durante a minha adolescência toda eu queria ter mais peito (também já falei aqui que eu tenho o peito pequeno) e engordar um pouquinho, assim como a maioria das minhas clientes, que são petite – um termo usado para falar de mulheres pequenas na altura, e você pode entender melhor o que é a moda petite nesse texto aqui. Vou voltar a contar a minha experiência pessoal com a pressão estética mais pra frente, nesse mesmo texto, tá?

 

Muitas dessas minhas clientes chegam para fazer a consultoria de estilo com queixa de autoestima e de dificuldade em se acharem bonitas – apesar de o padrão de beleza ser a magreza. Mas entende que a magreza PP / 34 é bem diferente da beleza 36 / 38, que já é uma mulher com mais curvas?

Mulheres magras também sofrem pressão estética e eu já falei aqui sobre a Bruna Marquezine. Algumas pessoas acham que ela está magra demais, que ela devia colocar silicone e que era mais bonita quando tinha mais curvas / mais corpo.

Inclusive, nesse texto eu falo muito sobre os padrões estéticos e a sororidade, que parece ainda não ser comum na internet, na hora de falar do corpo de outra mulher.

Mulheres gostosonas também sofrem pressão estética. Você nunca viu nenhum meme falando sobre o corpo da Gracyanne Barbosa e dizendo que ela parece um homem, só por ela ser musculosa? Isso acontece porque existe uma ideia de corpo feminino e que todo corpo feminino precisa estar dentro desse padrão.

Mulheres gordas também sofrem pressão estética. Mas, as mulheres gordas passam por esse processo junto com o preconceito com o corpo gordo e a gordofobia, que são coisas bem diferentes e muito maiores e mais graves que a pressão estética – e apesar de eu não me aprofundar sobre esse assunto aqui hoje, eu precisava deixar isso bem claro aqui. E também preciso dizer que não existe magrofobia. Eu sou magrela e sempre fui magrela, sofri bullying por ser magrela, sofro pressão estética, mas não sofro magrofobia, simplesmente porque não existe magrofobia.

Os homens também sofrem pressão estética. A maioria dos meus clientes da consultoria de estilo masculina gostaria de ser mais alto ou ter ombros mais largos, por exemplo – porque são símbolos masculinos, como os seios e os quadris são símbolos femininos – ambos no senso comum, não na vida real, com corpos reais.

Atualmente eu estou atendendo meu primeiro cliente transexual, e ele também tem uma imagem ideal de como o corpo dele deveria ser para “parecer masculino”, que também passa pela forma de se vestir e mostrar o corpo – e por isso ele me contratou. Já falei de mulheres trans nesse texto aqui, e em breve vou falar de homens trans também.

Na foto abaixo, Jari Jones, uma mulher trans, gorda e negra comemorando estar na campanha da Calvin Klein.

Entende como funciona a pressão estética e o quanto os nossos comentários “inofensivos” podem prejudicar a saúde mental e a autoestima das pessoas?

Eu finalmente engordei e agora quero emagrecer!

No começo do texto eu falei que sempre quis ter mais peito e engordar quando eu era adolescente, né? A minha meta era pesar 50kg, mas eu nunca nem tinha chegado aos 45kg na vida – até o ano passado, quando cheguei aos 46kg aos 40 anos, pela primeira vez, e não gostei do resultado.

Nesse post aqui, lá no instagram, eu mostrei que casei aos 25 anos com a roupa que a minha mãe fez para os meus 15 anos, porque ela era costureira e fazia o vestido de noiva da família todo, mas já tinha morrido quando eu casei. E eu sempre brinquei dizendo que se eu casasse aos 35 anos de novo (eu sou divorciada desde 2011) eu ia poder usar a roupa de novo, porque o meu corpo continuava o mesmo dos 15 anos. E agora, se eu casar aos 45 anos, a roupa não cabe mais em mim, porque agora eu engordei.

E diferente do que eu pensava que seria o meu corpo quando eu chegasse aos 50 kg, eu vi o meu corpo mudando de uma forma que eu não gostaria. Hoje eu tenho mais barriga e mais celulite que antes, porque engordar é diferente de ganhar corpo na academia / desenvolver músculos, e se eu disser aqui ou pra alguém que quero perder a barriga ou perder esses kilos que eu ganhei, vou receber críticas porque faz parte da pressão estética te fazer se sentir mal por qualquer que seja a sua relação com o seu corpo.

E não é que eu esteja INFELIZ, mas eu gosto mais do meu corpo como era antes. A minha comparação não é com um padrão externo, e sim com uma versão do meu corpo que eu já conheci e gosto, e que talvez nunca mais eu tenha. Mas, sem saber que me incomoda, as pessoas comentam sobre eu “finalmente” ter engordado. E assim seguimos, todo mundo insatisfeito e buscando um ideal impossível de ser alcançado.

 

 

Sair da versão mobile