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O que usar depois dos 40 anos?

Hoje (14/04) é meu aniversário de 41 anos, e se antes eu já achava estranho as pessoas dizerem que tal roupa “não é pra minha idade” e várias dicas de consultoras de estilo que gostam de cagar regras dando listas sobre o que usar depois dos 40 anos, agora eu estou no “meu lugar de fala” rs e me sinto também diretamente incomodada e ofendida, e por isso resolvi fazer esse texto.

Mas, antes de entrar nas “dicas sobre o que usar depois dos 40 anos”, vou falar sobre etarismo, para introduzir.

O que é etarismo?

Etarismo é um termo relativamente novo e que eu falei aqui muito superficialmente no texto sobre a série “And Just Like That”, da Netflix, com o elenco de Sex and the City, e você pode ler clicando nesse link aqui.

Mas, apesar de o termo etarismo ser novo, esse movimento é bem antigo, e você vai reconhecer com a definição da palavra, que fala da discriminação contra pessoas baseadas em estereótipos de idade.

Quando a gente fala de etarismo na moda e no estilo (que é a minha área, mas o etarismo acontece em várias áreas da vida – inclusive na vida profissional!), é sobre achar que determinado tipo de roupa não pode ser usado por alguém que já tem certa idade – por isso existem essas “dicas sobre o que vestir depois dos 40 anos”, ou dos 50 anos, ou depois dos 60 (terceira idade)…

Na série “And Just Like That” o etarismo aparece de várias formas, justamente pra mostrar o que as personagens “podiam” fazer há 23 anos atrás, quando a série estreou, e o que elas ainda podem fazer agora, com todas elas acima dos 50 anos:

  • Elas podem usar qualquer tipo de roupa?
  • Podem continuar namorando? Podem ter uma vida sexual ativa?
  • Podem continuar trabalhando ou buscar um novo trabalho?
  • O que fazer com o corpo e a pele envelhecida? E com os cabelos brancos?

Um perfil que eu gosto muito de acompanhar no instagram e já postei falando sobre isso é o da dona Dirce Ferreira, que também ajuda a quebrar os estereótipos da idade e diminuir o etarismo, mostrando muita jovialidade nas roupas, nas falas e comportamentos:

O cabelo grisalho está na moda

Você já deve ter visto que o cabelo grisalho está na moda, e uma das questões da personagem Miranda na série “And Just Like That” é manter ou não o cabelo grisalho, por conta do preconceito e a pressão estética que existem com as mulheres.

Desde sempre os homens grisalhos são considerados charmosos, e as mulheres viram loiras com a idade numa tentativa de manter a juventude, de se manter atraente, jovem e até demonstrar “cuidado” com a imagem, já que o cabelo branco, na mulher, é visto como desleixo.

Esse assunto (etarismo) é muito complexo e merece um texto específico, mas já gostaria de indicar o instagram da Cris Guerra, que foi a minha primeira inspiração na moda e é uma escritora e pessoa maravilhosa, que aborda o assunto com muita clareza, didática e leveza.

Ela também tem os cabelos grisalhos e também fala sobre o assunto lá, linkando a autoestima feminina. Vale a pena seguir pra entender melhor sobre o assunto e deixar pra trás alguns preconceitos e medos.

O cabelo grisalho na coloração pessoal

Ainda falando de cabelo grisalho, você sabia que existe um tom para cada tipo de cartela de coloração pessoal? Eu já falei sobre isso nesse texto aqui.

Esse também é um assunto que vale um texto extra, porque também existe preconceito com os tons mais amarelados de grisalho, ao invés do grisalho super branco – que não é natural pra todo tipo de pessoa, e por isso existem tantos produtos para acinzentar os fios e ficar mais dentro do padrão considerado bonito.

O que usar depois dos 40 anos?

Agora sim, chegamos no assunto do texto, e a essa altura da leitura você já percebeu que não vai encontrar aqui uma listinha de coisas que pode ou não usar de acordo com a sua idade.

Atualmente eu tenho uma cliente de mais de 60 anos na consultoria de estilo online, e já tive uma cliente com mais de 70 anos aqui no Rio, e eu estou sempre falando com elas a mesma coisa que eu estou falando aqui nesse texto: Moda não tem idade.

Nesse post de 2018 lá no instagram eu mostro isso na prática:

Tem cliente que tem os seus próprios preconceitos? Tem sim! Do mesmo jeito que tem pessoas negras que são racistas, tem mulheres de 40 anos que já se acham velha demais para usar um tipo de roupa específico ou para fazer alguma coisa – e nesse caso, eu respeito o gosto pessoal e a personalidade delas, óbvio, mas faço o meu trabalho como consultora de estilo, dizendo que essa “regra” está mais na nossa cabeça do que numa cartilha da moda que diz o que a gente pode ou não usar.

Em 2017 eu também tive essa questão com uma cliente com pouco mais de 50 anos, que queria saber se podia usar shorts na idade dela. E eu postei a minha resposta num post lá no instagram também:

Nesse post aqui eu falo da diferença entre shorts e bermuda.

Moda não tem idade

Pra finalizar, é importante dizer que eu sempre fui entusiasta da gente usar o que quiser, independente do corpo ou da idade que a gente tem, e já falei aqui sobre os documentários de moda para mulheres da terceira idade, que reforçam essa ideia e inspiram a gente a ser quem a gente quer ser e usar o que a gente quer usar.

Em 2019 eu usei o faceapp para envelhecer uma foto minha e ver como eu ficaria mais velha, e postei o resultado lá no instagram falando sobre isso.

Eu gostei do resultado, e inclusive escolhi uma foto pra capa desse texto que aparecem as minhas rugas ao sorrir. Que venham as rugas e os cabelos brancos, e que acabe o etarismo! É o meu pedido de aniversário!

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Priscila Citera

Apaixonada por pessoas e por moda, resolvi unir a Psicologia e 12 anos de experiência em recursos humanos com a formação em Consultoria de Estilo pela Oficina de Estilo, e desde 2014 ajudo mulheres e homens desse mundão todo a transformarem personalidade em looks e roupas em representação da personalidade, sem que eles precisem gastar muito!